A "CASA-GRANDE" www.suacasadecampo.com.br |
O CASEIRO
Manoel
trabalha demais, de domingo a domingo. Acorda muito cedo, dia ainda escuro. Semeia, cuida das galinhas, encaixota os ovos, ordenha a vaca solitária, rega a
plantação, recolhe as frutas maduras e as verduras e legumes prontos para o
consumo. Põe tudo na perua velha e parte para a cidade, a catorze quilômetros
do sitio, onde vive com a mulher, mãe e três filhos pequenos (o quarto está a
caminho). É preciso escoar a produção, ganhar um dinheirinho. Quando retorna, vai arrumar coisa pra
fazer. Homem sem parada.
Manoel
trabalha demais, de domingo a domingo. Não tem tempo para pensar em bobagens,
talvez por isso seja um homem feliz – pelo menos é assim que ele se define. Não
ganha salário, mas não paga aluguel. Tudo o que planta é dele, para revender na
cidade. Em troca, toma conta do sítio, que andava meio abandonado. Homem sem parada. Por iniciativa
própria, limpa a piscina, apara a grama, não deixa que o mato enfeie a
“casa-grande”, seu sonho de consumo.
Manoel
trabalha demais, de domingo a domingo, pensa pouco, mas sonha. Sonha em reunir
a família inteira (doze irmãos, todos vivos e casados) para comemorar o Natal
na “casa- grande”, com direito a dormir com a mulher na suíte e a tomar banho de
piscina com suas crianças e convidados. Temia que o “patrão” se recusasse a
alugar a "casa-grande" para ele. Para sua surpresa, o “patrão” topou – e fez
mais: reduziu à metade o preço que costuma cobrar dos que se aventuram a passar uns dias naquele fim de mundo.
Manoel
é puro contentamento, promete trabalhar dobrado. Planeja ampliar a horta, o pomar, o galinheiro. Afinal,
sonho realizado tem custo. Outra vaquinha? Só depois do Natal, se sobrar
dinheiro.
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