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DA DOR
Quando
criança a dor tem uma cor diferente, ela
destoa,
abre pequenas chagas que logo cicatrizam
se evaporam na proporção que crescemos.
A
dor toma ares de vaga lembrança, uma sacudida
de
ombros espanta o banzo.
Adultos
a dor incorpora-se, vira entidade, cresce, toma espaço, sufoca.
Acompanhamos
o definhar de alguém que já foi teu, de alguém que te acenava com as mãos mas
logo
voltava...
Assistimos
a vida se esgotando, se esvaindo que nem água que desce pelo ralo cheia de
sabão.
Tocamos
um corpo que alheio ao beijo, ao abraço
se
aninha no calor de um velho cobertor.
O
coração se estraçalha diante de um quadro que é
natural
nos cobrando a razão.
Deus...entender
vossos desígnios, aceitar o curso da
natureza
com resignação é o que nos resta.
Permita-me
então ao abuso de vos pedir misericórdia e serenidade para não desabar quando
nossos
olhos cerrarem-se por completo.
E
que assim seja...
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