Imagens: arquivo Google |
O GUARDADOR DE REBANHOS
Eu
nunca guardei rebanhos,
Mas
é como se os guardasse.
Minha
alma é como um pastor,
Conhece
o vento e o sol
E
anda pela mão das Estações
A seguir
e a olhar.
Toda
a paz da Natureza sem gente
Vem
sentar-se a meu lado.
Mas
eu fico triste como um pôr de sol
Para
a nossa imaginação,
Quando
esfria no fundo da planície
E se
sente a noite entrada
Como
uma borboleta pela janela.
Mas
a minha tristeza é sossego
Porque
é natural e justa
E é
o que deve estar na alma
Quando
já pensa que existe
E as
mãos colhem flores sem ela dar por isso.
Como
um ruído de chocalhos
Para
além da curva da estrada,
Os
meus pensamentos são contentes.
Só tenho
pena de saber que eles são contentes,
Porque,
se o não soubesse,
Em
vez de serem contentes e tristes,
Seriam
alegres e contentes.
Pensar
incomoda como andar à chuva
Quando
o vento cresce e parece que chove mais.
Não
tenho ambições nem desejos
Ser
poeta não é uma ambição minha
É a
minha maneira de estar sozinho.
E se
desejo às vezes
Por
imaginar, ser cordeirinho
(Ou
ser o rebanho todo
Para
andar espalhado por toda a encosta
A
ser muita cousa feliz ao mesmo tempo),
É só
porque sinto o que escrevo ao pôr do sol,
Ou
quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E
corre um silêncio pela erva fora.
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