Catherine Deneuve: a favor da sedução Foto: REGIS DUVIGNAU - REUTERS |
O
FEMINISTO
As
presidentas e ministras são as pessoas mais
empoderadas
de seus países, para o bem e para o mal.
De
Thatcher a Cristina Kirchner
Por
Nelson Motta
O
Globo – 12/01/2018
Com
três filhas e duas netas que adoro, sempre fui e serei feminista, pela
igualdade total de direitos e salários, pelo respeito absoluto. Mas como sou de
uma geração criada sob o machismo primitivo, fui um predadorzinho cheio de
preconceitos contra mulheres, até ter a primeira filha. Aí mudou a forma de ver
as mulheres. Acompanhei entusiasmado a rebeldia das feministas americanas nos
anos 70 e depois, quando morei em Roma nos anos 80, admirei a força e o poder
(e a beleza) das feministas italianas, em marchas que paravam a cidade. Duas
filhas depois, estava ainda mais feminista.
Mas
se a Dilma pode se chamar de presidenta, acho que eu poderia me dizer um
feministo... rsrs
O
mandamento fundamental de um feministo é: “Não tratai as filhas dos outros como
não quereis que tratem as vossas. Não tratai a mãe dos outros como não
gostarias que tratassem a vossa.”
Nos
anos 90, acompanhei de perto a radicalização das feministas americanas, a
defesa das mulheres movida por ódio e rancor contra os homens. Hoje, a quantidade
e a qualidade de mulheres dirigindo e produzindo filmes e séries é o símbolo de
uma mudança irreversível. As presidentas e ministras são as pessoas mais
empoderadas de seus países, para o bem e para o mal.
Conjunção
do politicamente correto, do puritanismo americano e da hipocrisia, o feminismo
de resultados está se tornando uma febre nos Estados Unidos, uma caça aos
bruxos que também envolve indenizações milionárias e o assassinato cultural de
alguns grandes artistas, embora cafajestes. Por elas, o cafajestíssimo Picasso
nunca mais venderia um quadro. Hitchcock seria banido de Hollywood. Miles Davis
estaria preso. As feministas francesas tentam equilibrar o debate.
Quantas
tentativas são necessárias para conquistar uma mulher que é, ou se faz, de “difícil”?
É proibido insistir? rsrs
Em
“A megera domada”, Shakespeare
mostra que, aos tapas e beijos, também se constroem grandes amores.
Houve
um tempo em que as mulheres se sentiam lisonjeadas quando passavam na rua e
ouviam inocentes assovios de admiração. Haverá um dia em que dizer “você é
linda!” será considerado assédio?
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