Pássaros em viveiros |
SOBRE PASSARINHOS E ECOLOGIA
(Por Clóvis
Campêlo) A paz é uma utopia inventada pelo homem. Mesmo
na Natureza, entre os animais, ela não existe. Mata-se para sobreviver e isso é
justo e natural. É a lei da vida, A cadeia alimentar mantendo o equilíbrio
ambiental e ecológico. O bicho-homem é que mata em nome do lucro e das falsas
ideologias. E isso é trágico.
Outro dia, viajando para a cidade de Canhotinho com o meu amigo
Bartolomeu Lima, demos uma paradinha estratégica na Bica da Mijada da Velha, em
São Benedito do Sul, para um refrigério necessário. O dono do local era passarinheiro
e logo surgiu uma inevitável conversa sobre a criação de passarinhos.
Contou-nos ele que já tivera problemas com o Ibama por conta das gaiolas
mantidas no seu estabelecimento às margens da rodovia. No entanto, indagou por
que as usinas de produção do açúcar também não eram multadas, já que os
defensivos e agrotóxicos usados na monocultura da cana causavam uma mortandade
e um extermínio de aves muito grandes, trazendo um prejuízo maior do que o
hábito do matuto de criá-las em cativeiro, bem alimentadas e livres dos
predadores naturais.
Segundo ele, mesmo ali, naquela cidade situada na zona da mata sul
do Estado e ainda cercada por áreas de preservação da Mata Atlântica já era
notória a diminuição dos passarinhos e da fauna em geral. Para mim, a indagação
é corretíssima e merece uma reflexão.
Outro dia, domingo de manhã cedinho, na feira do Cordeiro, onde são
vendidos pássaros importados de outras regiões do planeta (Austrália, Nova
Zelândia, Japão, China, etc.), presenciei a fuga de um gaiolão de várias
espécies de aves chinesas. Assim como aconteceu com os pardais trazidos da
Europa nos anos 60, logo elas estarão devidamente adaptadas e se reproduzindo
no novo habitat. Esse é um outro problema a ser seriamente considerado, pois
isso implica em rápidas modificações na nossa fauna. A Natureza leva anos ou
séculos para proceder a essas mudanças, dependendo das necessidades de
adaptação ou sobrevivência das espécies, e o bicho-homem, movido por interesses
pecuniários e antinaturais interfere de maneira brusca e negativa nesse
processo.
Consideremos ainda a contradição que existe na nossa legislação de
tentar preservar as nossas espécies animais e ser conivente com a caça e o
extermínio das espécies animais de outros países. Isso também é justo e ecologicamente
correto?
Enfim, todas essas considerações me vieram à cabeça após a morte
trágica de Brasão nas garras de um carcará que cumpria apenas o papel que lhe
fora estabelecido pela Mãe Natureza, nas suas leis sábias e independentes das
considerações conceituais do bicho-homem.
A cultura, a civilização, a modernidade, nada mais são do que
ilusões por nós criadas para justificar as nossas atitudes antinaturais e
mortíferas.
Postagem revisada
e atualizada em 09/01/2018
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