terça-feira, 7 de junho de 2016

INSTANTES: ANA ANDRADE


Cuidei das palavras
desatei emoções...
acarinhei umas rimas
e sempre a mesma certeza:
O silêncio
e o espanto de um corpo
que se quer mar...
as ondas a galopar
desmanchando
a doçura que se quer dar...

***




Todos os domingos, seguem o mesmo ritual, acordam sem pressas e preparam o pequeno almoço em conjunto. Ela faz o café, sabe que ele o aprecia da maneira tradicional e gosta de lhe dar esse pequeno prazer, impregnando a pequena cozinha de um aroma delicioso. Ele faz as torradas, corta o pão à medida exacta, nem muito fino, nem muito grosso e barra-o com delicadeza sem o ensopar de manteiga. Como de costume, ele não faz a barba - para descansar a cara - o cabelo em desalinho e as rugas, dão um toque de charme que a fascina, como da primeira vez que se olharam. Sentados, degustam aquele momento com a ternura de um amor genuíno, sem os arroubos da paixão, mas com a serenidade de quem passou pelas tempestades da vida, sem que os sentimentos se sintam beliscados.


ANA ANDRADE

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