quarta-feira, 1 de junho de 2016

INSTANTES: ANA ANDRADE


De tudo o que se cala, escolho as palavras que não tem voz!



Deste lado do silêncio
guardo um beijo,

que carece de memória
e magoa a ternura,
que delineia o sal do meu olhar.

***



ESCONDIDA

Escondida
na sombra do tempo,
há uma janela
cercada
de sonhos e lembranças,
que rompem as distâncias
e trauteiam silêncios
que só eu sei escutar.
Ao alvorecer
nada era profano,
aconteciam sorrisos
lavrados
no crepúsculo de um olhar
e que regavam de ternura,
as tardes
em que o poente,
se insinuava
nos ombros do Indico.
Ao anoitecer
havia velas perfumadas,
batuques cadenciados
e estrelas de cristal
que se acendiam em cascata,
tingindo de fulgor
o horizonte inebriante:
perdição do meu olhar.
Escondida
desligo o relógio do tempo
e regresso às palavras
que encobrem minha solidão!

ANA ANDRADE



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