quinta-feira, 30 de junho de 2016

CHÁ DAS CINCO: POESIA MARGINAL (GERAÇÃO MIMEÓGRAFO)

TORQUATO NETO

COGITO
Torquato Neto

eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível
eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora

eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim
eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranquilamente
todas as horas do fim.


UMA NOITE
Afonso Henriques Neto


AFONSO HENRIQUES NETO

o tio cuspia pardais de cinco em cinco minutos.
esta grama de lágrimas forrando a alma inteira
(conforme se diz da jaula de nervos)
recebe os macios passos de toda a família
na casa evaporada

mais os vazios passos
de ela própria menina.

a avó puxava linhas de cor de dentro dos olhos.
uma gritaria de primos e bruxas escalava o vento
escalpelava a tempestade
pedaços de romã podre
no bolor e charco do tanque.

o pai conduzia a festa
como um barqueiro
puxando peixes mortos

nós
os irmãos
jogávamos no fogo
dentaduras pétalas tranças
fotografias cuspes aniversários
e sempre
uma canção
só cal e ossos
a mãe de nuvem parindo orquídeas no cimento.



terça-feira, 28 de junho de 2016

HORA DA VITROLA: ELIS REGINA


ALTOS E BAIXOS
De Sueli Costa e Aldir Blanc
1979




Foi, quem sabe, esse disco
Esse risco de sombra em teus cílios
Foi ou não meu poema no chão
Ou talvez nossos filhos
As sandálias de saltos tão altos
O relógio batendo, o sol posto, o relógio
As sandálias, e eu batendo em teu rosto
E a queda dos saltos tão altos
Sobre os nossos filhos
Com um raio de sangue no chão
Do risco em teus cílios
Foram discos demais, desculpas demais
Já vão tarde essas tardes e mais tuas aulas
Meu táxi, whisky, Dietil, Diempax
Ah, mas há que se louvar entre altos e baixos
O amor quando traz tanta vida
Que até pra morrer leva tempo demais...

CHÁ DAS CINCO: PAULO LEMINSKI

BEM NO FUNDO

No fundo, no fundo,
bem lá no fundo,
a gente gostaria
de ver nossos problemas
resolvidos por decreto

a partir desta data,
aquela mágoa sem remédio
é considerada nula
e sobre ela — silêncio perpétuo

extinto por lei todo o remorso,
maldito seja quem olhar pra trás,
lá pra trás não há nada,
e nada mais

mas problemas não se resolvem,
problemas têm família grande,
e aos domingos
saem todos a passear
o problema, sua senhora
e outros pequenos probleminhas.

DOR ELEGANTE

Um homem com uma dor
É muito mais elegante
Caminha assim de lado
Com se chegando atrasado
Chegasse mais adiante

Carrega o peso da dor
Como se portasse medalhas
Uma coroa, um milhão de dólares
Ou coisa que os valha

Ópios, édens, analgésicos
Não me toquem nesse dor
Ela é tudo o que me sobra
Sofrer vai ser a minha última obra


NÚBIA NONATO


CHUVA

Chuva é danada pra me cutucar
e assim sem avisar bate uma
tristeza da porra, dessas chatas,
de desalentar.
Tento puxar o ânimo, de fazer
não sei o quê.
Arre égua! Tristeza sem condição!
Veja se me larga que este corpo
não te pertence mais não!
Vai de retro! Vai pra qualquer lugar!
Vou ensaiar uma cantoria, assim
te esqueço. Azede, queime, vire pó!
E da próxima vez pergunte se lhe quero!


COLUNA DO CLÓVIS



CONSTATAÇÃO

Pra sempre ser "gauche" na vida
não me foi por um anjo dito,
foi minha opção escolhida,
foi o meu destino bendito.

Desfolhar sempre a realidade
como quem procura na essência
a busca de toda a verdade,
verdade de toda existência.

No entanto, resistia o mundo
a este sincero e profundo
desejo de o ver transformado.

E embora guerreiro na luta
investisse com força bruta,
eu é que fui sendo mudado.

Recife, 1991
POR CLÓVIS CAMPÊLO


domingo, 26 de junho de 2016

COMPORTAMENTO/OPINIÃO: LUIZ FELIPE PONDÉ



01-luiz-felipe-ponde-filosofa-sobre-fe-religiao
ILUSTRAÇÃO: GUSTAVO DUARTE


“QUANDO OUSASTE FOSTE HOMEM!”

Folha de S. Paulo – 20/06/2016


(Por Luiz Felipe Pondé) Quem disse essa frase que está no título acima? Se você conhece a obra do autor em questão, já sabe quem disse essa famosa frase. Ela foi dita num contexto de uma peça em que a personagem feminina, uma das mais famosas da literatura clássica, fala para seu marido, que naquele momento se encontra reticente em levar adiante o plano que apresentara a ela momentos antes.

Essa frase carrega em si uma concepção de homem (gênero) que sempre foi muito comum em nosso imaginário: aquele, como diz nossa famosa personagem, que tem coragem de seguir seu desejo e suas ambições.

Essa mulher diz essa frase porque seu marido recuou num projeto específico, que faria dele rei. Mas qual concepção de homem é esta? Trata-se da concepção segundo a qual um homem é medido pela ousadia e coragem acima de qualquer limite moral.

O filósofo Adam Smith, no século 18, temia que o avanço da sociedade comercial (o que alguns chamam de sociedade de mercado, outros de capitalismo) destruísse as chamadas virtudes guerreiras do homem, fazendo dele um "contador de dinheiro" sem ambição nenhuma além de acumular riquezas materiais por meio dos negócios.

Interessante observar que muitos estudiosos da pré-história levantam hipótese semelhante quando da nossa passagem da condição de caçador coletor para a de agricultor, preso à terra, sem poder "ser ousado", sempre escravo da colheita a vir. Na condição de agricultor, o homem tornara-se temeroso dos riscos de perder todo o cultivo sob a ameaça de invasores. A perda da mobilidade em nome do "patrimônio" teria feito o agricultor mais covarde do que o caçador coletor.

No mundo contemporâneo, o processo de acovardamento do homem é crescente. Mas isso é apenas consequência da civilização enquanto tal, no seu modo crescente de domesticação dos afetos e dos humores.

De volta à nossa personagem feminina. Sua frase magnífica cobra de seu marido que volte à ousadia que demonstrara quando de sua ideia "genial" de matar o rei Duncan da Escócia, a fim de tomar seu trono. Já sabe de qual mulher estou falando?

Seu marido, guerreiro reconhecido como virtuoso pelo próprio rei (estamos na Idade Média), se pergunta, afinal, por que ele não poderia ser rei, uma vez que era absolutamente acima da média em comparação aos outros homens à sua volta.

Momentos depois, quando o rei Duncan se encontra na casa do casal em questão, o marido de nossa famosa personagem, em conversa com ela, demonstra dúvidas com relação ao plano inicial de matar o rei e tomar seu trono. Demonstra ter medo das consequências do seu ato.

Sim, estamos falando do casal Macbeth, da peça homônima de Shakespeare. A frase em questão é dita pela Lady Macbeth diante das dúvidas de seu marido quanto a levar a cabo o assassinato do rei.

A frase "quando ousaste foste homem" representou para a fortuna crítica o reconhecimento dessa mulher como a maior vilã da literatura ocidental, talvez equiparada a Medeia, na tragédia homônima, com a diferença que Medeia, ao assassinar seus filhos com Jasão, tinha pelo menos a desculpa do ciúme e do desespero diante do fato de ser trocada pela princesa, mais jovem e mais bela, que ela também matará. O ódio de Medeia é de alguma forma compreensível.

A fala de Lady Macbeth não teria a mesma justificativa. Ela, em vez de apoiar seu marido em suas dúvidas morais, se desespera diante da aparente covardia dele.

Ao dizer que ele era mais homem quando ousava, Lady Macbeth falava da mais atávica das expectativas de uma mulher para com seu homem. Claro que, diante da monstruosidade que seu marido realizará, ela se arrependerá do que disse.

Nunca achei a Lady Macbeth um monstro. Sempre vi nela apenas uma expectativa feminina para com a masculinidade, expectativa esta já há muito inexistente.

O mundo contemporâneo jamais produzirá uma Lady Macbeth. Não haverá mais quaisquer expectativas quanto à masculinidade. O conceito caducará. Restará apenas o estuprador, o frouxinho e o menino bonzinho. O futuro próximo nos legará uma vida pequena, farta de cacarecos e cheia de tédio.

RESPEITÁVEL PÚBLICO

É ELA

Há exatos 34 anos, 
Sabiá, menina de tudo, disse ao padre um sonoro “sim”. 
Cravei outro sim, com entusiasmo de barítono. 
Hoje, não sei se ela repetiria a insensatez. 
Eu não tenho dúvida de que repetiria, sim. 
Obrigado, passarinha, por tudo, sobretudo pelos filhos. (OS)


sábado, 25 de junho de 2016

CHARGES: AMARILDO, ALPINO & CIA.



PAIXÃO - GAZETA DO POVO




ALPINO



Brexit Inglaterra sai da uniao europeia pai era a favor mas ao ver o trump comemorar contra jornal sofa filho
AMARILDO




Charge (Foto: Chico Caruso)
CHICO CARUSO



NICOLIELO



LUSCAR

O CANTO DE VÓLIA

CHORO DE UM NAVEGADOR

Ah meu Portugal!
Quantas saudades levo de ti
Como bagagem única nesse mar tão distante...
Sinto-me nesses mares qual fosse um cavaleiro errante.

Distante do teu céu navego agora,
Para terras distantes desbravar,
Comigo levo apenas a dor e o verso,
Para que possa minha saudade cantar.

Deixei no Porto meu coração agrilhoado,
Navego em outros mares,
Mas levo-te no peito e na língua,
Falarei de ti em belos fados,
E da eterna saudade que à minha alegria míngua.

E em novas terras espalharei meu canto,
E a tua poesia será para o Novo Mundo um legado.
Pois, este louvará para sempre os teus poetas,
A língua mãe há de nessas terras criar raízes
E os nossos poetas, eternizados, a tua glória
Assistirão felizes.

***

Vólia Loureiro do Amaral Lima é paraibana,
 engenheira civil, poetisa, romancista e artista plástica. 
Autora das obras Aos Que Ainda Sonham (Poesia) 
e Onde As Paralelas Se Encontram (Romance). 
Acaba de lançar seu segundo livro de poesias:
As Rosas que Nascem no Asfalto.

POLÍTICA/OPINIÃO: RUY FABIANO

sicurezzaeditora.com.br

O PAÍS DO FUTURO

Blog do Noblat - 25/06/2016 - 01h20


(Por Ruy Fabiano) A degradação da política brasileira, hoje no banco dos réus, mergulhou o país no vácuo do imponderável. Ninguém arrisca um palpite sobre o dia de amanhã – na verdade, nem mesmo o de hoje.

De repente, do nada, surge mais uma operação policial, encarcerando um ou mais notáveis da República, asseclas e operadores, expondo mais vísceras de algum segmento político-partidário. Ou de todos. Faz dois anos que isso acontece.

Esta semana, foi a vez do ex-ministro Paulo Bernardo, do PT, que serviu a Lula e a Dilma. Sua mulher, a senadora Gleisi Hoffmann, continua servindo – e deve acompanhá-lo, em breve, na desdita.

Em Pernambuco, a Polícia Federal descobriu outra conexão criminosa, desta vez envolvendo a campanha do falecido ex-governador de Pernambuco e candidato à Presidência, Eduardo Campos, morto em 2014, num desastre de avião.

A operação Turbulência descobriu que a aeronave acidentada havia sido adquirida com dinheiro público roubado. Os financiadores de Campos mantiveram apoio à campanha da candidata que o sucedeu, Marina Silva. E Leo Pinheiro, da OAS, em delação, disse que também doou propina da Petrobras à campanha de Marina.

Amplia-se, pois, o arco partidário sob suspeição pública e investigação policial. O PSB acaba de integrá-lo. A próxima sucessão presidencial, com sua inevitável bolsa de apostas, tornou-se tema de videntes e cartomantes. No campo da ciência política, os dados não autorizam especulações. A lógica saiu de cena.

As pesquisas de opinião, por isso mesmo, tornaram-se vazias. E não apenas pela distância do pleito, previsto para 2018 - mas que pode ocorrer antes (ou nem ocorrer, segundo os mais pessimistas) -, e sim pela gradual saída de cena dos nomes até aqui tidos como óbvios. Como não há vazio no poder, hão de surgir outros. Quais?

RUY FABIANO,
JORNALISTA E ESCRITOR

Depende dos que sobreviverem até lá. E eis aí o temor que se instala. Num paralelo, a Operação Mãos Limpas, ocorrida na Itália, nos anos 90 – fonte de inspiração do juiz Sérgio Moro –, também produziu um haraquiri na política italiana. Mas, por falta de renovação dos quadros dirigentes de lá – e por um acordo político entre os que dela escaparam – levou a um desfecho decepcionante. E paradoxal.

Resultou na ascensão de um político burlesco – e corrupto –, Sílvio Berlusconi, que dominaria a cena política de 1994, quando se tornou primeiro-ministro pela primeira vez, até 2011, em que finalmente foi banido, após ocupar por quatro vezes a chefia do governo. Nesse período, fez aprovar leis que enfraqueceram o Judiciário, submetendo-o ao poder político.

O resultado é que a corrupção venceu e seu símbolo passou a ser exatamente um sobrevivente das Mãos Limpas (mesmo sem tê-las), ele próprio, Berlusconi. Por aqui, há sinais preocupantes.

O presidente do Senado, Renan Calheiros, já se manifestou contra as delações premiadas, sugerindo que apresentará projeto de lei restringindo-as. Ninguém duvida que o atual Congresso apoiaria entusiasticamente tal iniciativa, além de outras, que reduzissem, por exemplo, os poderes do Ministério Público. Criatividade não falta.

Ao tempo da CPI dos Anões do Orçamento, em 1993/94, em que pela primeira vez parlamentares cassavam parlamentares, Antonio Carlos Magalhães reuniu-se com alguns chefes partidários para propor uma saída que impedisse o que chamou de “guerra de extermínio”. O acordo resultou na entrega de algumas cabeças coroadas para preservar as demais. Funcionou – e a nave seguiu.

“O mantra de que as instituições estão funcionando é verdadeiro,
mas nem sempre se sabe como e para quem.
Sempre funcionaram, mas naquela base”

A diferença é que agora o Congresso não é tribunal, mas banco dos réus. Há um juiz implacável, que infunde temor até à mais alta Corte, que, por sua vez, é mais política (e partidária) que jurídica. E há ainda uma força-tarefa, que envolve policiais federais e procuradores, que exercem seu ofício com ardor missionário.

É talvez a primeira vez na história que um juiz de primeira instância se sobrepõe aos cardeais da Suprema Corte, pondo-os a nu.

O advento da internet, com suas redes sociais, estabelece ainda poderoso diferencial: enseja efetiva participação da sociedade, propiciando em curto prazo mobilizações de massa, em proporções jamais vistas. Foram necessárias cinco megamanifestações, entre 2015 e 2016, todas demolidoras contra a classe política e as instituições, para que estas acreditassem que, afinal, opinião pública existe - e já não é apenas a opinião publicada.

O mantra de que as instituições estão funcionando é verdadeiro, mas nem sempre se sabe como e para quem. Sempre funcionaram, mas naquela base. Não mudou muito, exceto quando temem a contrapartida das ruas. É por aí que há alguma esperança.


COLUNA DO CLÓVIS

INTERNET


SOBRE PASSARINHOS E ECOLOGIA

(Por Clóvis Campêlo) A paz é uma utopia inventada pelo homem. Mesmo na Natureza, entre os animais, ela não existe. Mata-se para sobreviver e isso é justo e natural. É a lei da vida, A cadeia alimentar mantendo o equilíbrio ambiental e ecológico. O bicho-homem é que mata em nome do lucro e das falsas ideologias. E isso é trágico.

Outro dia, viajando para a cidade de Canhotinho com o meu amigo Bartolomeu Lima, demos uma paradinha estratégica na Bica da Mijada da Velha, em São Benedito do Sul, para um refrigério necessário. O dono do local era passarinheiro e logo surgiu uma inevitável conversa sobre a criação de passarinhos. Contou-nos ele que já tivera problemas com o Ibama por conta das gaiolas mantidas no seu estabelecimento às margens da rodovia. No entanto, indagou por que as usinas de produção do açúcar também não eram multadas, já que os defensivos e agrotóxicos usados na monocultura da cana causavam uma mortandade e um extermínio de aves muito grandes, trazendo um prejuízo maior do que o hábito do matuto de criá-las em cativeiro, bem alimentadas e livres dos predadores naturais. Segundo ele, mesmo ali, naquela cidade situada na zona da mata sul do Estado e ainda cercada por áreas de preservação da Mata Atlântica já era notória a diminuição dos passarinhos e da fauna em geral. Para mim, a indagação é corretíssima e merece uma reflexão.



 Outro dia, domingo de manhã cedinho, na feira do Cordeiro, onde são vendidos pássaros importados de outras regiões do planeta (Austrália, Nova Zelândia, Japão, China, etc.), presenciei a fuga de um gaiolão de várias espécies de aves chinesas. Assim como aconteceu com os pardais trazidos da Europa nos anos 60, logo elas estarão devidamente adaptadas e se reproduzindo no novo habitat. Esse é um outro problema a ser seriamente considerado, pois isso implica em rápidas modificações na nossa fauna. A Natureza leva anos ou séculos para proceder a essas mudanças, dependendo das necessidades de adaptação ou sobrevivência das espécies, e o bicho-homem, movido por interesses pecuniários e antinaturais interfere de maneira brusca e negativa nesse processo.

Consideremos ainda a contradição que existe na nossa legislação de tentar preservar as nossas espécies animais e ser conivente com a caça e o extermínio das espécies animais de outros países. Isso também é justo e ecologicamente correto?

Enfim, todas essas considerações me vieram à cabeça após a morte trágica de Brasão nas garras de um gavião que cumpria apenas o papel que lhe fora estabelecido pela Mãe Natureza, nas suas leis sábias e independentes das considerações conceituais do bicho-homem.

A cultura, a civilização, a modernidade, nada mais são do que ilusões por nós criadas para justificar as nossas atitudes antinaturais e mortíferas.


CHARGES: SPONHOLZ



























Roque Sponholz é arquiteto, urbanista, 
professor universitário, 
chargista, caricaturista e cartunista