Cristóvam Buarque |
NO CALOR DOS FATOS
(Por Carlos Brickmann) Era
um grande empresário, que assumiu a Folha
de S. Paulo e a transformou num dos maiores jornais do país. Dizia não ser
jornalista. Mas era – e como! Ensinou-nos que o patrão era, sempre, Sua
Excelência o Leitor. Ensinou-nos a buscar aspectos inéditos e verídicos das
notícias. Elefante voando, peemedebista rejeitando cargos, tucano fazendo
oposição, todas essas coisas estranhas têm de ser bem noticiadas e muito bem
explicadas.
Mas
nem com tantos anos de aula aprendemos a explicar o inexplicável. Por exemplo,
como é que um governo sem governantes, onde neurônio virou piada e os
aliados-inimigos se reúnem com hora marcada para redistribuir os cargos que já
ocupam; com popularidade mensurável por um relógio quebrado; em que a discussão
política é saber quem é mais ladrão, nós ou eles, consegue manter-se no cargo,
mesmo que por alguns dias, depois de perder por níveis alemães a votação do
impeachment.
E
ainda acusam de golpistas quem os derrota na forma da lei. Não tem jeito:
aproveitando os Jogos Olímpicos e a presença no Brasil da Pira Sagrada, atocha,
Dilma!
A hora da festa
Divertindo-se
com a equipe de Temer, quase toda importada de Dilma, discutindo moralização e
ladroeira? Pois vai divertir-se ainda mais até o fim do mês, quando aparecer na
Procuradoria Geral da República a lista dos 316 políticos de Benê, que era o
presidente da Construtora Norberto Odebrecht. Tem delação pra mais de metro. A
metragem é quente, toda sem concorrência. E tudo vai fundo.
Pois é
O
Governo Dilma fez a festa nomeando toneladas de cumpanhêro para ocupar o máximo
de cargos no Governo. E bateu todos os recordes: chegou ao extremo de cancelar
a nomeação de Waldir Maranhão para o posto de Cunha, amigo de fé e irmão
camarada de Irineu Maranhão, seu antecessor, para ocupar mais espaços oficiais.
Valia tudo, de amigos a qualquer cargo público. Quem achar que só tem gente que
presta estará sempre enganado.
Os bons
O
curioso é que há gente boa no Congresso. O senador Cristóvam Buarque é um; a
senadora. Ana Amélia, outra. Gente fina, correta, como se deve. Mas
defendê-los, como? Como mostrar ao público que são gente honesta e correta?
Revelações
Todos
esses episódios vividos nos últimos meses serviram para demonstrar a capacidade
inenarrável e o caráter de diversos vestais que passeavam na orla vestidos de
freira. O maior exemplo é José Eduardo Cardozo, que vem mostrando uma incrível
capacidade de se equilibrar no precipício. Os
outros? Os aloprados de sempre.
As vítimas
E
a Suzana von Richthofen, hem? Só porque participou do assassínio dos pais achou
ruim porque isso poderia prejudicá-la. Uma injustiçada!
CARLOS BRICKMANN |
Dia quente
Este
colunista deseja a todos um bom dia. E espera que haja bom senso e comedimento
tanto nas comemorações quanto na raiva da derrota.
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