VAI FALTAR DINHEIRO PARA A MORTADELA |
VEM AÍ O MANDELA DO ABC
Se
alguém se dispuser a governar o Brasil,
a narrativa do coitadismo retornará a
seu nicho folclórico
REVISTA ÉPOCA - 11/05/2016 -
08h00
(Por Guilherme Fiuza) Atenção
para a nova narrativa da elite vermelha (são os maiores narradores do mundo),
de saída do palácio: estão sem grana. Começaram a espalhar que estão pagando
seus advogados milionários do próprio bolso, a duras penas. É de cortar o
coração. A razão, todos sabem: o produto do roubo de uma década, na corrente
solidária do mensalão e do petrolão, foi integralmente doado a instituições de
caridade. Os guerreiros do povo brasileiro não querem nada para eles. Só a
glória de terem colocado um país na lona na base da conversa fiada.
A
saudosa Dilma Rousseff avisou que vai resistir no Palácio da Alvorada. “É só o
começo, a luta vai ser longa”, avisou a patroa do Bessias. E milagrosamente a
gangue dos movimentos sociais S.A. saiu incendiando o Brasil, bloqueando ruas e
estradas, difundindo os altos ideais do parasitismo profissional. Não pensem
que sai barato uma mobilização cívica dessas. A mortadela é só o símbolo. É
preciso um caixa poderoso para manter tantos vagabundos em estado de prontidão.
Devem ser as famosas vaquinhas do Vaccari.
Pode-se
dizer que o PT chegou, assim, ao nirvana. Passou um agradável verão de 13 anos
e meio à sombra do contribuinte, fez o seu pé-de-meia muito bem feito e voltou
para o seu lugar natural nesta existência: jogar pedra e reger a bagunça –
protegido pelos melhores advogados e santificado pela fina flor da
desonestidade intelectual.
A
cena do escritor Adolfo Pérez Esquivel no Senado defendendo Dilma Rousseff de
um golpe de Estado mostrou a importância do Prêmio Nobel da Paz: manter uma
opinião pública em perfeita comunhão com suas ilusões pequeno-burguesas de
bondade, enxergando no espelho um herói socialista. Enquanto Lula não for
preso, continuará regendo esse repertório dos inocentes úteis e ativistas de
aluguel, investindo sua gorda poupança no rendimento seguro do coitadismo.
Depois que for apanhado por Sergio Moro, virará preso político – um Nelson
Mandela do ABC, esperando para retomar o que é dele (o Brasil). Isso não tem
fim.
A
chance que o país tem de confinar a narrativa coitada no seu nicho folclórico é
alguém se dispor a governar isto aqui. O Palácio do Planalto foi transformado
num bilhete de Mega Sena, onde o felizardo e seus churrasqueiros vão passar
longas férias inventando slogans espertos, botando ministro da Educação para
caçar mosquito e outras travessuras do arraial. Se aparecer um governo por ali,
a essa altura do campeonato, será uma revolução.
Se
houver de fato a investidura de uma política econômica de verdade, com Henrique
Meirelles na Fazenda e Ilan Goldfajn no Banco Central (ou qualquer outro que
não aceite ser capacho de populista), as férias remuneradas da elite vermelha
poderão começar a acabar. Se houver de fato a desinfecção da pantomima
terceiro-mundista na política externa, faltará a ressurreição da democracia
interna. O Brasil vive hoje uma democracia particular, na qual a gangue
companheira que depenou o Estado faz chantagens emocionais ao vivo –
constrangendo qualquer possível liderança legítima com seu exército de
bolsistas sociais. Estamos na metade do caminho para a Venezuela, na metade do
percurso para o chavismo e seu totalitarismo branco.
Um
governo de verdade pode dar meia volta com relativa facilidade, bastando algo
que os políticos atuais de todas as correntes rezam para não ter de exercer:
autoridade. Bloqueou rua? O Estado vai lá e desbloqueia. Ele serve para isso,
seus funcionários e representantes são pagos para isso – zelar pelo interesse
da coletividade. Os monopolistas do bem gritarão que estão sendo reprimidos, na
sua velha tática de jogar areia nos olhos da plateia. Cabe a um governo de
verdade enxotá-los com a lei, esteja a plateia enxergando ou não.
No
Plano Real, antes de nascer gloriosa a moeda forte, o governo penou para
implantar a responsabilidade fiscal – essa que está depondo Dilma Rousseff –
contra a gritaria geral. Isso dói. Tem alguém aí disposto a esse sacrifício,
prezado Michel Temer? Se não tiver, ouça um bom conselho: melhor ficar em casa.
A
lenda petista continuará dizendo que se trata de um golpe para entregar o país
ao PMDB de Eduardo Cunha. Só há um antídoto eficaz para essa praga renitente:
um governo que governe.
GUILHERME FIUZA
É JORNALISTA E ESCRITOR
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