quinta-feira, 12 de maio de 2016

COISAS DA VIDA

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A BONDADE

(Por Violante Pimentel) Um grupo de freiras, irmãs de caridade, tinha por costume dar assistência a idosos, doentes e crianças. A cada quinze dias, visitavam um bairro pobre diferente, levando para os moradores doações arrecadadas entre as pessoas da cidade. Era um trabalho social voluntário, por elas organizado, inclusive com cadastro das famílias carentes que elas iriam visitar. Levavam gêneros alimentícios, roupas, lençóis, toalhas para todos os fins, remédios e material de higiene, incluindo cremes e escovas dentais.

Integravam o grupo algumas enfermeiras, que faziam curativos simples, e, se fosse necessário, tomavam providências, a fim de que os doentes fossem conduzidos aos hospitais.
 
A chegada das freiras representava um renascer de esperanças para essas pessoas maltrapilhas, e maltratadas pela vida. Era um trabalho filantrópico e que servia para melhorar a autoestima de pessoas altamente carentes.

Como havia muitas crianças sujas e maltratadas, sempre infestadas de piolhos, precisando cortar cabelos e unhas, as irmãs de caridade incluíram nesse trabalho voluntário a tarefa de, por ocasião das visitas, dar um banho naquelas que se incluíam na faixa etária de três a oito anos.

Não havia qualquer constrangimento nesse ato, pois se tratava de uma higienização necessária, para evitar micoses e outros males, provocados pela falta de limpeza corporal. Era um banho rápido e coletivo.  Primeiro, elas davam banho nas meninas e depois nos meninos.

Tratava-se de um trabalho de bastante abnegação, que as irmãs de caridade executavam com muito respeito.

As crianças se submetiam a esse banho com satisfação, pois, no dia-a-dia, elas não dispunham de sabonete nem de outros produtos de higiene, para um asseio corporal condigno.

Depois do banho, as freiras vestiam as crianças com roupas limpas, frutos das doações, penteavam seus cabelos, passavam pentes finos para tirar piolho, e cortavam suas unhas. Quando era preciso, também faziam as vezes de cabeleireiras, cortando ou aparando seus cabelos.

Para o banho, eram organizadas duas filas, uma com as meninas e outra com os meninos, e era dado separadamente. Apesar de ser banho de cuia, com água tirada de um tanque, as crianças eram lavadas com sabonete e xampu, ficando, depois, arrumadas, penteadas e perfumadas.

Violante Pimentel é procuradora 
aposentada do Rio Grande do Norte

Num certo dia, em que as irmãs de caridade estavam cumprindo essa tarefa filantrópica, no momento do banho das crianças, surgiu um fato inusitado, que as deixou desapontadas e constrangidas. Para surpresa das freiras, na fila dos meninos, que já se encontravam pelados aguardando a vez do respectivo banho, havia um “lançamento”, ou seja, um menino desconhecido, com um olhar malicioso e esquisito. Apesar de ter a mesma altura dos outros, o “novato” era possuidor de um órgão genital exageradamente desenvolvido. As irmãs de caridade se entreolharam desconfiadas e se afastaram um pouco, conversando em voz baixa. Em seguida, a superiora se aproximou e perguntou, com austeridade, ao menino desconhecido e “superdotado”:

– Menino, quantos anos você tem?

E o “menino”, fazendo voz de criancinha, com a maior naturalidade, respondeu:

– “CORENTA”…Mas eu sou ANÃO!!!

Cinicamente, um anão de quarenta anos de idade, por instinto de libidinagem, queria ser lavado pelas freiras!!!

O banho terminou aí…


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