terça-feira, 31 de maio de 2016

QUASE HISTÓRIAS (I)

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OLHOS

-- Você está ficando velho, meu velho. Não se preocupe, não. Ninguém lhe dá a idade que, de fato, tem. Parece ter quinze anos a menos. Continua bonito, conservado. Mas – como eu – envelheceu.

-- Por que diz isso?

-- Seus olhos marejam por qualquer coisa. Os meus também.

SENHOR

Não me queira mal por chegar assim: de mãos abanando. Cheguei como pude – sem terno, sem mortalha, sem roupinha melhor. Sem compostura. Compostura, aliás, nunca foi minha praia. Venho como vivi: quase pelado: de bermuda ordinária, camiseta, chinelos, assuntando inutilidades.  Com cigarros no bolso, caixinha de fósforo na mão... Pode fumar aqui, Senhor?

DIÁLOGO NO BOTECO

-- Então, como ficaram seus olhos após a operação?

-- A mesma porcaria de antes. Tanto faz eu estar de óculos ou sem óculos. Enxergo a mesma coisa: muito mal.

-- Então, deixe os óculos em casa. Pelo menos, o senhor deixa de carregar um peso desnecessário.




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