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OLHOS
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Você está ficando velho, meu velho. Não se preocupe, não. Ninguém lhe dá a
idade que, de fato, tem. Parece ter quinze anos a menos. Continua bonito,
conservado. Mas – como eu – envelheceu.
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Por que diz isso?
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Seus olhos marejam por qualquer coisa. Os meus também.
SENHOR
Não
me queira mal por chegar assim: de mãos abanando. Cheguei como pude – sem
terno, sem mortalha, sem roupinha melhor. Sem compostura. Compostura, aliás,
nunca foi minha praia. Venho como vivi: quase pelado: de bermuda ordinária,
camiseta, chinelos, assuntando inutilidades.
Com cigarros no bolso, caixinha de fósforo na mão... Pode fumar aqui,
Senhor?
DIÁLOGO NO BOTECO
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Então, como ficaram seus olhos após a operação?
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A mesma porcaria de antes. Tanto faz eu estar de óculos ou sem óculos. Enxergo
a mesma coisa: muito mal.
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Então, deixe os óculos em casa. Pelo menos, o senhor deixa de carregar um peso
desnecessário.
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