segunda-feira, 23 de maio de 2016

INSTANTES: ANA ANDRADE

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HORAS ADIADAS

Ajoelhada
no altar de uma ladeira
reveza-se a noite,
entre solicitudes temerosas
e gemidos lancinantes;
com o sino ao longe
tocando às almas,
que espreitam os penedos
esventrados
pelos dias desvirtuados.
Aturdida
uma ave
de voos sofridos,
enxuga as penas aleijadas...
e abandona-se à inquietude
dos ventos calejados,
sem sucumbir
ao extremo desespero
que engole as sombras,
onde todo o silêncio é cego.
Descompassadas
adiam-se as horas
que enviuvam as preces,
sem cruzes para venerar!...


ANA ANDRADE

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