AUGUSTO NUNES |
A TRAMA DOS TRÊS PATETAS
ANIMOU
O COMÍCIO-VELÓRIO NO PLANALTO
COM UM NOVO GRITO DE GUERRA:
“UH, MARANHÃO!”
(Por Augusto Nunes) Nesta
segunda-feira, Dilma Rousseff estrelava no Palácio do Planalto um comício da
pelegagem estudantil quando recebeu a notícia de que Waldir Maranhão fizera o
que, na véspera, havia prometido fazer ao fim do encontro com José Eduardo
Cardozo: numa decisão monocrática, anulou a sessão da Câmara que aprovou o
impeachment da presidente. Para fingir que ignorava a trama que aprovara com
louvor, Dilma caprichou na expressão de surpresa ─ até trocou por um sorriso de
aeromoça a carranca que exibe desde o primeiro dia no berçário.
Enfim
convencidos de que não vai ter golpe, os estudantes profissionais mudaram o
grito de guerra: “Uh, Maranhão!”, passaram a berrar. À tarde, o presidente do
Senado anulou a decisão que pretendia anular tudo o que já foi decidido sobre o
impeachment da governante desgovernada. À noite, o próprio Maranhão revogou a
anulação do que já se tornara irrevogável. Substituto de Eduardo Cunha na
presidência da Câmara, pode ter o mandato cassado antes do titular deposto pelo
Supremo.
Enredado
nas investigações da Lava Jato, a perda do direito ao foro privilegiado deverá
antecipar a mudança de Maranhão para a República de Curitiba. Flávio Dino, que
por algumas horas reivindicou a paternidade da ideia de jerico, lembrou
subitamente que havia um Estado à espera de algum governador e caiu fora de
Brasília. Com adversários assim, a Famiglia Sarney tem o direito de sonhar com
a retomada da capitania que lhe pertenceu por 50 anos.
Dois
dias antes do fim da Era da Canalhice, José Eduardo Cardoso rasgou de vez a
fantasia de advogado-geral da União para assumir oficialmente o Ministério das
Chicanas Imbecis. Vai ficar no cargo até a hora de deixar o Planalto em
companhia da patroa despejada. Saiam ou não pela rampa, os farsantes despejados
pelo povo entenderão já na primeira passada que estão descendo a ladeira que
termina no beco dos esquecidos.
Ali
se aglomeram presunçosos que descobriram tarde demais que a morte política
frequentemente precede a morte física.
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