ENFIM, UM GOVERNO
BLOG DO NOBLAT -12/05/2016 -
01h52
(Por Murillo de Aragão) Quando
escrevo este artigo, o Senado Federal caminha para afastar Dilma Rousseff do
poder. É o fim de uma crônica da morte anunciada. O governo Dilma estava a
fadado a morrer. Hoje ou depois. Das pedaladas de antes ou pela obstrução da
justiça de agora. Não tinha escapatória.
O
que esperar de Michel Temer? Primeiro, devemos ajustar as nossas expectativas.
Não podemos esperar aquilo que o governo não pode entregar. Também não podemos
deixar de considerar o sistema político que temos.
Considerando
que o impeachment será confirmado definitivamente, teremos dois e pouco de um
governo de transição. Não é muito tempo. Mas é suficiente para restabelecer a
confiança na economia.
Outro
fator é o regime político do país. Vivemos um presidencialismo de coalizão que se
sustenta na boa relação do presidente com o Congresso. Se o relacionamento for
equilibrado e respeitoso, muito pode ser feito.
Assim,
nossas expectativas devem ser ajustadas para o nível básico da realidade. O
governo Michel Temer poderá ser excepcional se nossas expectativas forem
realistas e ele souber usar os recursos que tem.
Temer
sabe que o Brasil tem dois desafios imediatos. Recuperar a credibilidade fiscal
do país e destravar os investimentos. De certa maneira, são desafios factíveis
de serem alcançados se forem bem trabalhados e existir um bom relacionamento
com a base política.
Em
tese, qualquer agenda pode ser encaminhada desde que seja bem preparada. Mesmo
a reforma previdenciária pode avançar se a proposta for bem explicada para a
cidadania; que atinja inicialmente os funcionários públicos e que existam
regras claras de transição.
Murillo de Aragão é advogado,
jornalista, cientista político,
presidente da Arko Advice Pesquisas
e sócio da Advocacia Murillo de Aragão
|
A
aprovação de um limite constitucional para os gastos públicos e da renovação da
DRU - Desvinculação das Receitas da União também podem ser alcançadas. Desde que
o relacionamento político seja sólido.
A
base do sucesso do governo Temer está em observar as razões do fracasso do
governo Dilma. Uma das razões mais óbvias foi o distanciamento que o governo
manteve de sua base. Na hora que precisou dos deputados, se aproximou de forma
oportunista. Não funcionou.
Dilma
avançou e recuou em muitas de suas iniciativas. Passou falta de clareza e
ausência de rumos. Sua comunicação foi caótica. Quando não era patética. Sua
liderança nunca se afirmou apesar do repertório de grosserias. Tudo o que não
se espera do novo presidente.
Em
mantendo clareza de propósitos, uma boa e sincera comunicação social e um
diálogo permanente com a base política, Temer poderá consolidar sua presidência
e fazer uma boa gestão. É uma expectativa realista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário