SE EU FOSSE MÃE...
Por razões óbvias, nunca fui, não sou e jamais serei mãe. Sorte dos
filhos que não pari. Porque, seu eu fosse mãe, daria um vai e vem bem dado no primeiro
que viesse ao meu aniversário (ou no Dia das Mães) com aspirador de pó,
batedeira e tralhas afins nas mãos. Francamente. Eletrodomésticos? Desde quando
essas coisas são presentes que se dê à mãe?
Também não sairia ilesa – nem quero pensar nisso, Deus me livre – a
cria que me chamasse de Rainha do Lar. Que babaquice. Já nem falo o que faria
com o rebento que me entregasse um cartão com bobagens copiadas da internet, do
tipo: “Deus escolheu a melhor pessoa do mundo para ser minha mãe”. Ou então: “Ser
mãe é missão de maior responsabilidade. É amar de forma mais completa, sem
esperar nada em troca...“
Odeio suspiros e reticências.
Melhor assim, melhor não ser mãe. Não me vejo sinceramente comovido –
no caso, comovida –, por ser chamado (a) de Rainha do Lar, por receber uma caçarola
de presente e/ou um cartão meloso dizendo que sou a melhor mãe do mundo. Ainda
bem que não sou mãe.
Mas algo me diz que, se eu fosse mãe – por pior mãe que eu fosse –, seria
bem melhorzinho do que sou. (OS – maio 2016)
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