terça-feira, 2 de junho de 2015

QUASE HISTÓRIAS (XXIX)

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ANTES DO FATO

Em termos tecnológicos, os meios de comunicação evoluíram tanto que, logo, logo, a má notícia chegará antes de a desgraça ter acontecido.

Algo mais ou menos assim:

-- De amanhã, Pirajá não passa. Às 11h15, será atropelado por um ônibus desgovernado na avenida Apedeuta da Silva. O enterro será no dia seguinte, no Cemitério Fim de Linha. Seja o primeiro a enviar condolências à família.

TIO BIRO

A pequena criatura, menina de tudo, é efusiva; mais “simpática”, impossível.

Não economiza no volume. Não se intimida com quartos. Nem com terceiros. Ela fala tudo na frente de todo mundo, na lata:

-- Todo dia, vejo o senhor no barzinho da rua debaixo, tomando cerveja. Mamãe acha que o senhor é vagabundo, papai não tem dúvidas. Tio Biro, o senhor é vagabundo?

Ele mudou de boteco. Em nome da paz. Pra fugir da menina.

Mas a perua escolar dá muitas voltas. Cata um aluno aqui; outro, acolá. Malditas peruas escolares. A pequena criatura sempre atenta, demônio na forma de bonsai, logo descobriu o novo refúgio de tio Biro.

Ele gosta de crianças – das mudas, preferencialmente.


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