terça-feira, 2 de junho de 2015

CLÓVIS CAMPÊLO


PRA NÃO DIZER 
QUE NÃO FALEI DO AMOR


Pra não dizer que não falei do amor
despojei-me de qualquer medida,
encarei sem receio a própria vida,
sanei no verso torto toda dor;

busquei lembrar do brilho dos teus olhos,
do toque morno da língua em tua boca,
do teu corpo úmido, nú, sem roupa,
do teu regaço onde me recolho;

joguei por terra a vã filosofia,
transformei profundo abismo em ponte,
fiz do firmamento novo horizonte,
transpus em noite quente a tarde fria.

Pra não dizer que não falei do amor.


Recife, 2007

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