SPONHOLZ |
POR
QUE LULA ESTÁ
NA
FRENTE DAS PESQUISAS
Por
O ANTAGONISTA
02.12.17
| 23:07
A
pesquisa Datafolha indica que Lula está conseguindo atingir dois objetivos:
—
Manter o terço de eleitores lulistas, independentemente das evidências de que o
PT se transformou em organização criminosa sob o seu comando. É esse terço que,
pela pesquisa, o leva ao segundo turno. Lula reina absoluto como o caudilho da
esquerda brasileira e, para manter-se nessa posição, conta com aquele grau de
irracionalidade que parece ser mais alto na política nacional do que em outras
latitudes;
—
Dissociar-se do desastre econômico causado por Dilma Rousseff, a sua criatura,
prometendo a bonança dos anos em que foi presidente. O crescimento sob Michel
Temer é pífio e nada garante que será suficiente, até o final de 2018, para
fazer diferença para a imensa maioria dos cidadãos que perderam emprego e
renda;
—
Vitimizar-se, como se fosse perseguido pela Justiça e pelo sistema político. A
vitimização teve o impulso da proteção dada a Michel Temer, na Câmara dos
Deputados, e a Aécio Neves, no Senado, para não falar do STF. Aos olhos de
milhões de cidadãos, quando o assunto é corrupção, é como se houvesse dois
pesos e duas medidas em Brasília, no tratamento dispensado ao PT, em relação a
PMDB e PSDB.
Lula
ainda se beneficia, neste momento, da fraqueza dos seus oponentes tradicionais.
Quando boa parte dos brasileiros queria alguém novo, foi-lhes oferecido o velho
— e o que parecia ser novo, como João Doria, ficou velho rapidamente. Velho por
velho, muitos eleitores preferem um velho que, na sua opinião, já foi testado
e, como dissemos, lembra bons tempos e interpreta com sucesso o papel de
vítima. É nesse vácuo que Lula tece alianças, nos grotões, com os mesmos grupos
oligárquicos que, considerados ”golpistas” no impeachment de Dilma Rousseff,
voltaram a ser seus aliados, para manter-se no poder. É nesse vácuo que Lula
tentará vender-se de novo como o “Lulinha Paz e Amor” para o mercado e a classe
média.
Por
último, mas não menos importante, há Jair Bolsonaro. O mais vistoso polo
anti-Lula causa desconfiança nos 20% de eleitores, aproximadamente, que não
votariam no petista no primeiro turno, mas que o escolheriam no segundo turno,
caso a disputa fosse com Bolsonaro. Para isso, concorrem tanto a demonização do
candidato pela imprensa, como os rompantes passados e presentes dele próprio. O
desafio de Bolsonaro, e não só para enfrentar o petista, é suavizar a sua
imagem e discurso, o que ele vem tentando fazer, além de reunir apoio
partidário que lhe dê mais estrutura e tempo de televisão.
Tal
é o retrato deste instante, a julgar pelos dados do Datafolha. Pesquisa é pesquisa,
e elas não têm acertado muito. Não é impossível, por exemplo, que um
contingente expressivo de eleitores esteja com receio de declarar voto em
Bolsonaro. Existem, evidentemente, outros fatores que poderão contar para que o
resultado nas urnas, daqui a menos de um ano, seja diferente dos projetados
hoje. O principal deles, evidentemente, é Lula ser condenado em segunda
instância e vir-se impedido de disputar a eleição. Nesse caso, ao que tudo
apenas indica, já que estamos de volta às pesquisas, Marina Silva será a maior
beneficiada.
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