sábado, 2 de dezembro de 2017

POLÍTICA/OPINIÃO: MARCO ANTONIO VILLA

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Eleições/2018: mais do mesmo?

A HISTÓRIA SE REPETE.
ATÉ QUANDO?

A elite política conseguiu transformar as eleições, 
que se repetem a cada dois anos, em um processo despolitizado. 
O momento que poderia representar a participação cidadã 
nos problemas nacionais, estaduais e municipais, com a análise
de propostas e de candidaturas, virou um desfile de horrores

Por Marco Antonio Villa
IstoÉ – 01/12/2017 – 18h

A elite política, que apresou o poder no Brasil, é insaciável. Tomou o aparelho estatal. Usa e abusa de todas as benesses públicas sem qualquer pudor. Não tem sentimento de culpa. Pelo contrário, supõe que pode usar de todos os artifícios para preservar e ampliar ainda mais os seus privilégios. Despreza as instituições democráticas. Desqualifica qualquer iniciativa de controle popular. Como um Luís XIV tupiniquim, considera que o Estado é seu e ponto final.

Em meio ao cenário de desmoralização dos princípios democráticos, hipocritamente disserta sobre a importância de preservar a Constituição. Dissocia o discurso da prática concreta. Tem a certeza de que ainda detém em suas mãos o comando do País. Considera que possui a prerrogativa de mandar e desmandar. Nada pode obstar o seu domínio.

Conseguiu transformar as eleições, que se repetem a cada dois anos, em um processo despolitizado. O momento que poderia representar a participação cidadã nos problemas nacionais, estaduais e municipais, com a análise de propostas e de candidaturas, virou um desfile de horrores. O cidadão não vê a hora para que tudo termine. Sabe que está sendo enganado. E, pior, não tem instrumento para manifestar sua indignação. Resta se abster, anular o voto ou escolher o menos pior.

A festa da democracia, tão propalada durante décadas, em um processo de cruel metamorfose, transmudou-se em ópera bufa.

Nada indica que em 2018 o quadro mudará. Com o sistema eleitoral e partidário existente, teremos a reprodução daquilo a que assistimos nas últimas eleições. Os executivos vão ser controlados, na maioria dos estados, por quadrilhas que, de forma organizada, irão saquear o Erário, especialmente onde a sociedade civil é mais frágil. No governo federal, apesar de eventuais esforços individuais, o cenário deverá ser o mesmo. Dificilmente haverá qualquer mudança substancial entre os controladores da máquina pública, como ficou demonstrado no atual governo, que manteve, quase que in totum, a base de sustentação do projeto criminoso de poder petista. O mesmo cenário vai se reproduzir nos legislativos estaduais e no Congresso Nacional.

Mas, como nada na história é eterno, vai chegar uma hora, com o agravamento das contradições sociais, que o sistema não conseguirá se reproduzir.

Marco Antonio Villa
Ilustração: IstoÉ

Marco Antônio Villa é historiador, escritor e comentarista da Jovem Pan e TV Cultura. Professor da Universidade Federal de São Carlos (1993-2013) e da Universidade Federal de Ouro Preto (1985-1993). É Bacharel (USP) e Licenciado em História (USP), Mestre em Sociologia (USP) e Doutor em História (USP)

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A situação da política brasileira é curiosa. Começam a se articular os partidos, discutem janela partidária, alianças, mas estão de costas às necessidades da população. A crise moral e ética do País vai permanecer porque a República está carcomida. Pessoas são jogadas ao léu. Esse é o Brasil real, mas os políticos não estão nem aí, só com a reeleição, para manter seus privilégios, porque tratam a coisa pública como privada.

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