Eleições/2018: mais do mesmo? |
A HISTÓRIA SE REPETE.
ATÉ QUANDO?
A elite política conseguiu transformar as eleições,
que se repetem a cada dois anos, em um processo despolitizado.
O momento que poderia representar a participação cidadã
nos problemas nacionais, estaduais e municipais, com a análise
que se repetem a cada dois anos, em um processo despolitizado.
O momento que poderia representar a participação cidadã
nos problemas nacionais, estaduais e municipais, com a análise
de propostas e de candidaturas, virou um desfile de horrores
Por Marco Antonio Villa
IstoÉ – 01/12/2017 – 18h
A elite política, que apresou o poder no Brasil, é insaciável. Tomou
o aparelho estatal. Usa e abusa de todas as benesses públicas sem qualquer
pudor. Não tem sentimento de culpa. Pelo contrário, supõe que pode usar de
todos os artifícios para preservar e ampliar ainda mais os seus privilégios. Despreza
as instituições democráticas. Desqualifica qualquer iniciativa de controle
popular. Como um Luís XIV tupiniquim, considera que o Estado é seu e ponto
final.
Em meio ao cenário de desmoralização dos princípios democráticos,
hipocritamente disserta sobre a importância de preservar a Constituição.
Dissocia o discurso da prática concreta. Tem a certeza de que ainda detém em
suas mãos o comando do País. Considera que possui a prerrogativa de mandar e
desmandar. Nada pode obstar o seu domínio.
Conseguiu transformar as eleições, que se repetem a cada dois anos,
em um processo despolitizado. O momento que poderia representar a participação
cidadã nos problemas nacionais, estaduais e municipais, com a análise de
propostas e de candidaturas, virou um desfile de horrores. O cidadão não vê a
hora para que tudo termine. Sabe que está sendo enganado. E, pior, não tem
instrumento para manifestar sua indignação. Resta se abster, anular o voto ou
escolher o menos pior.
A festa da democracia, tão propalada durante décadas, em um processo
de cruel metamorfose, transmudou-se em ópera bufa.
Nada indica que em 2018 o quadro mudará. Com o sistema eleitoral e
partidário existente, teremos a reprodução daquilo a que assistimos nas últimas
eleições. Os executivos vão ser controlados, na maioria dos estados, por
quadrilhas que, de forma organizada, irão saquear o Erário, especialmente onde
a sociedade civil é mais frágil. No governo federal, apesar de eventuais
esforços individuais, o cenário deverá ser o mesmo. Dificilmente haverá
qualquer mudança substancial entre os controladores da máquina pública, como
ficou demonstrado no atual governo, que manteve, quase que in totum, a base de
sustentação do projeto criminoso de poder petista. O mesmo cenário vai se
reproduzir nos legislativos estaduais e no Congresso Nacional.
Mas, como nada na história é eterno, vai chegar uma hora, com o
agravamento das contradições sociais, que o sistema não conseguirá se
reproduzir.
Ilustração: IstoÉ |
Marco Antônio Villa é
historiador, escritor e comentarista da Jovem Pan e TV Cultura. Professor da
Universidade Federal de São Carlos (1993-2013) e da Universidade Federal de
Ouro Preto (1985-1993). É Bacharel (USP) e Licenciado em História (USP), Mestre
em Sociologia (USP) e Doutor em História (USP)
***
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Os partidos políticos brasileiros são uma farsa. O DEM
estará aliado com o PT em três Estados do Nordeste: Ceará, Paraíba e Maranhão.
A justificativa de um líder do DEM é que se deve esquecer a cor das bandeiras,
mas isso é uma farsa. Não há questão político-ideológica
A situação da política brasileira é curiosa. Começam a se articular
os partidos, discutem janela partidária, alianças, mas estão de costas às
necessidades da população. A crise moral e ética do País vai permanecer porque
a República está carcomida. Pessoas são jogadas ao léu. Esse é o Brasil real,
mas os políticos não estão nem aí, só com a reeleição, para manter seus
privilégios, porque tratam a coisa pública como privada.
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