O "santo". Por Baptistão |
A
LIGA DA JUSTIÇA A JATO
O
novo despertar ético está operando
o
milagre de reabilitar eleitoralmente o PT
Por
Guilherme Fiuza
http://epoca.globo.com/politica/guilherme-fiuza
30/11/2017
| 08h00
O
novo despertar da ética no Brasil virou festa com a Operação Cadeia Velha, que
prendeu o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. A captura de
Jorge Picciani e mais uma penca de aliados pela Polícia Federal espalhou o
grito de Carnaval: estão atacando a corrupção do PMDB, esse antro de raposas
velhas! Mas os éticos deram uma moderada no grito – para não acordar José Dirceu,
que tinha sambado até de madrugada.
O
Brasil é uma novela. Ou melhor: nem uma novela o Brasil é. Novelas têm
complexidade, por mais novelesca que seja ela. O Brasil é um borrão
unidimensional, cabe numa marchinha de Carnaval. Foi assim que os abutres de
ontem – aqueles fantasiados com adereços politicamente corretos e purpurina
roubada – simplesmente sumiram da cena. Quem foi Palocci mesmo? Ué, não era
esse que outro dia estava contando tudo a Sergio Moro? Ou esse foi o Santana?
Espera aí: que Santana? Não era Mantega?
Do
Dirceu parece que todo mundo lembra. Não por ter montado o maior assalto
governamental da história, mas porque apareceu outro dia sambando no pé. Uma
graça.
O
novo despertar ético está operando o milagre de reabilitar eleitoralmente o PT.
Do PT você lembra? Isso, esse mesmo – o da senhora Rousseff, a regente do
petrolão que hoje viaja o mundo contando história triste à custa do
contribuinte. E que lidera pesquisas de intenção de voto para o Senado! O
Brasil é uma mãe – e não é a mãe do PAC. Dessa você lembra? A que operou a
negociata de Pasadena, isso. Que Pasadena? Ah, deixa para lá. Vamos falar do
Picciani. Morte ao PMDB!
O
governo Itamar Franco era do PMDB, mas não era. Foi sob um presidente fraco e
cheio de compromissos fisiológicos que o Plano Real foi implantado. O governo
Temer é do PMDB, mas não é. Assim como na era Itamar, foi nessa gestão
pós-impeachment que se abriu o espaço para a entrada de gente séria, técnica e
não partidária disposta a retomar o Estado das mãos dos parasitas da política.
É isso o que está acontecendo no Brasil após quase década e meia de pilhagem –
e todos os indicadores confirmam o fato. Mas o brasileiro prefere a lenda.
A
lenda quer dizer que todos os políticos são igualmente corruptos e agora você
vai jogar tudo isso fora para votar numa Liga da Justiça Lava Jato. Se fosse a
Lava Jato do Moro até poderia ser uma utopia interessante – mas o Moro já
renunciou à candidatura a super-herói de gibi e declarou que pretende ficar
onde está, isto é, apenas fazendo seu trabalho direito. Ou seja: é um exemplar
de uma espécie em extinção no Brasil – essa dos que acham que o mais nobre
objetivo pessoal é cumprir seu papel com integridade até o fim. As espécies que
se multiplicam em abundância e sem risco são as dos que põem a cabeça de fora
do anonimato e já querem cobri-la com um chapéu de Napoleão carnavalesco. Essa
é a Liga da Justiça 2018 – a Lava Jato fake de Rodrigo Janot e seus conspiradores
de botequim.
De chefe de quadrilha a sambista com tornozeleira Por Amarildo |
Personagens
como o mosqueteiro Dartagnol Foratemer – um desses que após o cumprimento do
dever foi à luta do seu chapéu de Napoleão – saíram por aí detonando os
políticos para virar políticos. Dartagnol hoje é visto puxando o saco de
celebridade petista e fazendo panfletagem digital desonesta – tipo “alertar”
que o bando do PMDB capturado no Rio revela o modus operandi que domina Brasília, isto é, o governo federal.
Mentira. Os técnicos de alto gabarito que estão trabalhando duro no Banco
Central, no Tesouro, na Fazenda, na Petrobras e em outros postos-chaves do
Estado nacional deveriam processar esse oportunista, mas estão ocupados demais
consertando o desastre do PT – isto é, dos novos camaradas de Dartagnol.
A
grita contra a Assembleia Legislativa do Rio quando ela chegou a revogar a
prisão de Picciani e sua turma jamais foi ouvida, desta forma retumbante e
justiceira, contra a Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Esta protege da
prisão, há mais de ano, ninguém menos que o governador do estado, Fernando
Pimentel, um dos principais investigados da Operação Lava Jato (a verdadeira).
Olhe
para os últimos 15 anos, prezado leitor, e identifique quais foram os grandes
protagonistas da vilania que empobreceu a todos nós. Pense bem, porque o
Super-Homem é um fracasso de bilheteria e não vai te socorrer.
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