De Lula para Dilma: "Na campanha, vamos ter que escondê-la" Foto: Arquivo Google |
PT
FAZ CAMPANHA DE LULA
ESCONDENDO
DILMA
Lula
é responsável também pela perversão do governo Temer,
pois
foi nos seus mandatos que o PMDB tornou-se sócio do PT
na
fábrica de fazer propinas
Por
Josias de Souza
03/12/2017
| 18:45
A
forma como a presidente do PT celebra o resultado do Datafolha levanta a
suspeita de que a companheira esteja com a febre dos políticos picados pelo
mosquito que faz sumir a memória. A senadora Gleisi Hoffmann atribuiu a
liderança de Lula na pesquisa “aos resultados do seu governo.” Ela emendou: “As
pessoas analisam o que elas já viveram e comparam. Elas tinham renda e emprego.
Hoje, voltou a pobreza e a miséria.” A amnésia apagou da análise de Gleisi a
companheira Dilma Rousseff.
A
gestão de Michel Temer revela-se perversa. Mas a ruína econômica não deriva da
malignidade intrínseca do governo do PMDB. A recessão que espalhou desemprego e
desesperança é uma consequência direta do desastre gerencial que foi o governo
de Dilma, ao qual Gleisi serviu como uma cultuada chefe da Casa Civil. A febre
do esquecimento afetou também a memória da senadora sobre os “resultados” da
passagem de Lula pelo poder.
Na
formulação da presidente do PT, o governo Lula é um borrão cor-de-rosa. Foram
para o armário do esquecimento todas as mazelas que tingiram a estrela vermelha
de cinza. As máculas trazem impressas as digitais de Lula. Por exemplo: a
criação do mito da gerentona; a cumplicidade cega com o mensalão e as
petrorroubalheiras que vieram à luz na sua gestão; a transformação do
presidencialismo de coalização num eufemismo para organização criminosa.
O
PT e Lula só lembram de Dilma quando querem fazer pose de vítimas de um
''golpe''. O diabo é que madame foi deposta por seus aliados, sob regras
constitucionais, numa sessão presidida pelo amigo Ricardo Lewandowski, que
representava a Suprema Corte. No limite, Lula é responsável também pela
perversão do governo Temer, pois foi nos seus mandatos que o PMDB tornou-se
sócio do PT na fábrica de fazer propinas.
Hoje,
os acionistas da massa falida que tem PT e PMDB como sócios majoritários
dividem-se em dois grupos. Os que dispõem de mandato desfrutam das imunidades
do cargo e do privilégio do foro do Supremo Tribunal Federal. Essa ala inclui
Temer e os ministros palacianos Eliseu Padilha e Moreira Franco. Mas também
inclui gente como a ré Gleisi Hoffmann.
Os
que não têm mandato se encontram na cadeia ou na fila de espera. Integram esse
contingente barões do PMDB como Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima e Henrique
Eduardo Alves. Mas também estão em cana marqueses petistas do porte de Antonio
Palocci e João Vaccari Neto. José Dirceu, arrasta uma tornozeleira em Brasília
à espera da ordem de retorno para o xadrez. E Lula, já condenado a 9 anos e
meio de cana, costeia as grades à espera da confirmação da sentença no TRF-4.
Gleisi
celebra o favoritismo de Lula sem levar em conta dois detalhes: 1) para quem
desceu a rampa do Planalto cavalgando uma popularidade de 84%, os 37% de
intenção de votos detectados pelo Datafolha revelam que a divindade do PT
também está sujeita à condição humana; 2) Para que as urnas confirmem o
favoritismo de Lula, o Poder Judiciário terá de contrair a mesma febre que
transforma parte da memória de Gleisi em vapor.
Na
hipótese de a candidatura de Lula ficar em pé, Gleisi e o petismo talvez
descubram que esconder pedaços do passado pode custar caro. Os presidenciáveis
do PSDB especializaram-se em esconder Fernando Henrique Cardoso. Ocultaram até
o que deveriam exibir. Isso transformou os tucanos em candidatos favoritos a
fazer de seus adversários os novos presidentes da República. Esconder a gestão
de Dilma, com todas as digitais de Lula, é algo tão difícil como acomodar uma
baleia numa banheira jacuzi.
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