Ilustração: Arquivo Google |
CARTAS NA MESA
Um candidato que apresentar um futuro núcleo de governo
que privilegie a qualidade, integridade e eficiência
de sua equipe de trabalho ganhará muitos votos
Por Nelson Motta
O Globo
01/12/2017 - 11h00
Na estratégia de tentar agregar prestígio e confiança à sua
candidatura, Jair Bolsonaro apresentou o seu futuro ministro da Fazenda, o
respeitado economista e professor Paulo Guedes. E acabou dando uma boa ideia
para outros candidatos, que podem, e devem, ir além, apresentando seu núcleo de
governo e os seus ministros mais importantes, para participar da campanha
dizendo como executarão o programa de governo.
É importante o eleitor saber antecipadamente qual a equipe de
trabalho e suas credenciais para realizar o programa econômico e social do
candidato. Seria um rude golpe nas velhas politicagens partidárias de partilhar
o butim com aliados depois das eleições. Com as nomeações públicas e
transparentes, o debate se amplia e se aprofunda sobre as intenções e gestos do
candidato. Serão cabos eleitorais de luxo, a cara do governo e corresponsáveis
por ele.
Um candidato que apresentar um núcleo de governo que privilegie a
qualidade, integridade e eficiência de sua equipe de trabalho, acima dos
partidos e das conveniências eleitoreiras, certamente ganhará muitos votos,
enquanto outros vão eleger às cegas, dar um cheque em branco a um candidato que
pode aparelhar o governo com companheiros de lambanças, em negociações espúrias
de apoios e de dinheiro, como sempre.
Imaginem se Collor tivesse apresentado seu time de governo na
campanha? Zélia, Egberto Batista, Pedro Paulo Leoni, a equipe seria massacrada,
ele poderia perder a eleição.
Se a equipe de governo de Dilma tivesse participado da campanha de
2014, com Mantega, Arno Augustin, Pepe Vargas, Ideli Salvatti, e escrutinada
pela opinião pública, teria lhe tirado muitos votos.
Um não candidato como Luciano Huck, se quiser se engajar ativamente
na campanha de um candidato que o represente, participando de comícios e
comerciais de televisão, além de agregar popularidade, seria um conselheiro e
fiador do candidato e ficaria claro que teria forte influência no governo, mas
sem nenhum cargo oficial — e sem se expor, e à sua família, às vilezas e
baixarias de uma campanha suja.
Diz-me com quem andas e te direi como governas.
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