FOTO: ARQUIVO GOOGLE |
Difícil
precisar sua idade. Deve ter, salvo engano, entre cinquenta e sessenta anos,
não mais que isso. Vive nas praças com seus três cachorros. Mas ela se distingue
da quase totalidade dos moradores de rua. E por várias razões. Não anda suja
nem com roupas rotas. Jamais pede alguma coisa a alguém. Faz questão de pagar
tudo o que consome. Toda manhã, compra pão, leite e coxinhas (ou bolinhos de
carne), para si e seus três companheiros. Seus cachorros são bem tratados:
gordos e limpos. Comem ração de boa marca. Dia desses, um deles adoeceu. Ela
foi ao pet shop, comprou o medicamento e pagou à vista, em dinheiro. Jamais foi
vista alcoolizada ou em grupo.
A
cada três quatro dias, uma semana no máximo, faz a mudança. Vai para uma praça
ou rua próxima do local em que se encontra. Tempos depois, retorna. Talvez não
queira importunar a mesma vizinhança por muito tempo. Não é raro vê-la com
caderno e caneta nas mãos, compenetrada, escrevendo ninguém sabe o quê.
Semanalmente, carros bons e novos param em frente de sua “casa”. Os três cachorros
abanam o rabo para as visitas. Pessoas bem vestidas conversam com ela, sempre lhe trazem algum
embrulho, ficam cinco minutos e vão embora.
Dizem
que: (1) ela já esteve muito bem de vida; (2) ela recebe aposentadoria
significativa; (3) ela, no inverno passado, tentou alugar uma casa de fundos
na redondeza, prontificando-se a pagar ao proprietário três meses adiantado
(não pretendia ficar na casa mais tempo). Dizem que o negócio só não vingou
porque o locador odeia cães. Ela preferiu continuar na rua. Com os cachorros.
Por
que ela optou por viver assim? Boa pergunta. Mas a resposta só ela sabe. (OS - atualizado em fevereiro de 2017)
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