ILUSTRAÇÃO: ARQUIVO GOOGLE |
CHEGA DE REDUNDÂNCIAS
POR CARLOS HEITOR CONY
UOL
– 15/11/2005
Passei grande parte da vida com a
obrigação de ler as folhas, gastando diariamente, em média, duas horas para
tentar digerir os quatro ou cinco jornais que a profissão me obriga a tomar
conhecimento.
Hoje, a média baixou a níveis
ridículos. Continuo lendo cinco jornais por dia mas gasto com eles, no máximo,
meia hora, às vezes menos.
A explicação mais próxima seria o meu
desinteresse pelo que está acontecendo. Vai lá. É um pouco disso. Mas
antigamente havia também desinteresse pelos assuntos do dia, nem todos me
emocionavam ou chamavam minha atenção. Mesmo assim os lia, para ficar por
dentro e não ser atropelado pelos fatos que me rodeavam e sobre os quais seria
obrigado a escrever.
Nos últimos meses, sobretudo, é sacal
enfrentar cinco, seis páginas compactas com o noticiário dos escândalos, suas
minúcias, seus cronogramas, a repetição das mesmas caras, dos mesmos esquemas,
variando apenas as cifras de cada canal da corrupção, com a descoberta diária
de novos suspeitos e novos esquemas nacionais e internacionais, suas
confluências e influências na vida nacional.
Se os textos são redundantes e vários
deles confusos, o visual é pior. Todas as caras terminam se parecendo, todos os
envolvidos usam barba, umas pelas outras se parecem, o único de rosto raspado
tem a cabeça também raspada, é o Marcos Valério, que afinal é um barbudo
honorário, tanto se meteu em encrenca e tanto meteu os barbados em encrenca.
Não dá para entusiasmar. Outro dia,
um jornal dedicou oito páginas seguidas a um suposto escândalo eleitoral em
Campos (RJ), envolvendo uma quantia até que modesta em face dos milhões que
rolam por aí. No fundo, tudo isso é salutar: sobra mais tempo para que eu dê
minha volta na Lagoa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário