De Cleide Canton, com falas de Rui Barbosa
Na interpretação de Rolando Boldrin
Sinto vergonha de
mim, por ter sido educador de parte deste povo, por ter batalhado sempre pela
justiça, por compactuar com a honestidade, por primar pela verdade, e por ver
este povo já chamado varonil, enveredar pelo caminho da desonra.
Sinto vergonha de
mim, por ter feito parte de uma era que lutou pela democracia, pela liberdade
de ser e ter que entregar aos meus filhos, simples e abominavelmente a derrota
das virtudes pelos vícios, a ausência da sensatez no julgamento da verdade, a
negligência com a família, célula-mater da sociedade, a demasiada preocupação
com o ‘eu’ feliz a qualquer custo, buscando a tal ‘felicidade’ em caminhos
eivados de desrespeito para com o seu próximo.
Tenho vergonha de
mim pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo a tantas desculpas
ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para reconhecer um
erro cometido, a tantos ‘floreios’ para justificar atos criminosos, a tanta
relutância em esquecer a antiga posição de sempre ‘contestar’, voltar atrás e
mudar o futuro.
Tenho vergonha de
mim, pois faço parte de um povo que não reconheço, enveredando por caminhos que
não quero percorrer…
Tenho vergonha da
minha impotência, da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu
cansaço. Não tenho para onde ir, pois amo este meu chão, vibro ao ouvir o meu
Hino e jamais usei a minha Bandeira para enxugar o meu suor, ou enrolar o meu
corpo na pecaminosa manifestação de nacionalidade.
Ao lado da
vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo deste mundo!
(Publicado em 19/02/2014)
Lembro-me de ter me emocionado, quase às lágrimas, a primeira vez que ouvi isso...
ResponderExcluirPois é, Marlene. Somos dois. Bjs. Não some.
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