INTERNET
ASA BRANCA
De Luiz
Gonzaga/Humberto Teixeira
Quando oiei a terra ardendo
Gual a fogueira de São João
Eu preguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Eu preguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de prantação
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Entonce eu disse, adeu Rosinha
Guarda contigo meu coração
Entonce eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração
Hoje longe, muitas légua
Numa triste solidão
Espero a chuva caí de novo
Pra mim vortar pro meu sertão
Espero a chuva caí de novo
Pra mim vortar pro meu sertão
Quando o verde dos teus oio
Se espaiar na prantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração
O repentista Oliveira de Panelas certa vez escreveu: “Foi voando nas
asas da Asa Branca/Que Gonzaga escreveu sua história”. A canção “Asa Branca”
desperta inúmeras reações. A composição tem mais de 50 anos de existência, mas
por causa de sua atualidade até hoje se encontra presente no imaginário do povo
brasileiro. Para compor a bonita toada, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira
tiveram por base versos que circulavam na Serra da Borborema, Pernambuco. E em
outros, que também rolavam de boca em boca nos fins de Pernambuco e Ceará. A
asa-branca, como a rolinha e a juriti, pode ser encontrada nos cerrados, nas
caatingas e nas florestas brasileiras. Ela simboliza paz, saudade e exílio. Mas
a evocativa letra da canção fala da seca, das tristes condições da vida do
sertanejo. A asa-branca entra como metáfora. A ave bate asas para achar uma
vida melhor e o protagonista da canção faz o mesmo. Mas ele promete a seu amor
que um dia vai voltar, quando a chuva cair de novo. Sua esperança é que tudo
vai ficar verde de novo, exatamente da mesma cor dos olhos de sua amada. Parte
dessa cantiga foi feita numa tarde de agosto de 1945, no Rio de Janeiro, mas
ela só seria gravada pelo Rei do Baião no dia 3 de março de 1947, nos estúdios
da RCA Victor. Gonzaga ajudou a popularizar a melodia com sua aparição no filme
O Mundo É um Pandeiro. Já são mais de 300 versões: à capela, por duplas, trios,
quartetos, bandas, orquestras em ritmos que vão de choro a rock. Caetano
Veloso, saudoso das coisas brasileiras, gravou a obra de Gonzaga e Teixeira em
Londres, em 1971. Raul Seixas a juntou com “Blue Moon of Kentucky”, de Elvis
Presley. A melodia de “Asa Branca” também conquistou os artistas estrangeiros.
Mas nenhuma interpretação bate a do velho Lua, que a continuou cantando até sua
morte em 1989. - Assis Angelo/ Revista Rolling Stone
Foi o melho músico que conheci que deus o tenha em seus braços
ResponderExcluir