quarta-feira, 19 de agosto de 2015

HORA DA VITROLA: LUIZ GONZAGA


INTERNET


ASA BRANCA
De Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira

Quando oiei a terra ardendo
Gual a fogueira de São João
Eu preguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação
Eu preguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação

Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de prantação
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão
Por farta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão

Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Entonce eu disse, adeu Rosinha
Guarda contigo meu coração
Entonce eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração

Hoje longe, muitas légua
Numa triste solidão
Espero a chuva caí de novo
Pra mim vortar pro meu sertão
Espero a chuva caí de novo
Pra mim vortar pro meu sertão

Quando o verde dos teus oio
Se espaiar na prantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu vortarei, viu
Meu coração




O repentista Oliveira de Panelas certa vez escreveu: “Foi voando nas asas da Asa Branca/Que Gonzaga escreveu sua história”. A canção “Asa Branca” desperta inúmeras reações. A composição tem mais de 50 anos de existência, mas por causa de sua atualidade até hoje se encontra presente no imaginário do povo brasileiro. Para compor a bonita toada, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira tiveram por base versos que circulavam na Serra da Borborema, Pernambuco. E em outros, que também rolavam de boca em boca nos fins de Pernambuco e Ceará. A asa-branca, como a rolinha e a juriti, pode ser encontrada nos cerrados, nas caatingas e nas florestas brasileiras. Ela simboliza paz, saudade e exílio. Mas a evocativa letra da canção fala da seca, das tristes condições da vida do sertanejo. A asa-branca entra como metáfora. A ave bate asas para achar uma vida melhor e o protagonista da canção faz o mesmo. Mas ele promete a seu amor que um dia vai voltar, quando a chuva cair de novo. Sua esperança é que tudo vai ficar verde de novo, exatamente da mesma cor dos olhos de sua amada. Parte dessa cantiga foi feita numa tarde de agosto de 1945, no Rio de Janeiro, mas ela só seria gravada pelo Rei do Baião no dia 3 de março de 1947, nos estúdios da RCA Victor. Gonzaga ajudou a popularizar a melodia com sua aparição no filme O Mundo É um Pandeiro. Já são mais de 300 versões: à capela, por duplas, trios, quartetos, bandas, orquestras em ritmos que vão de choro a rock. Caetano Veloso, saudoso das coisas brasileiras, gravou a obra de Gonzaga e Teixeira em Londres, em 1971. Raul Seixas a juntou com “Blue Moon of Kentucky”, de Elvis Presley. A melodia de “Asa Branca” também conquistou os artistas estrangeiros. Mas nenhuma interpretação bate a do velho Lua, que a continuou cantando até sua morte em 1989. - Assis Angelo/ Revista Rolling Stone






Um comentário: