segunda-feira, 10 de agosto de 2015

GLÓRIA BRAGA HORTA

ALMAS GÊMEAS

Glória Braga Horta nasceu em Mutum-MG. 
É jornalista, poeta e cronista.
Dedica-se também à música popular (canto e teclado)
e às artes plásticas

O tempo passa em torturante lentidão. O desalento ameaça apagar o brilho do seu olhar, o cheiro da sua pele, a alegria do seu sorriso… mas seus pensamentos insistem em rodar freneticamente e a trazer de volta todos seus anseios, quando sente, ao fechar os olhos,  o corpo dele junto ao seu, em frêmitos de desejo. É o poder da paixão, a fúria do vulcão, saindo da inatividade e fazendo jorrar a mais profunda lava de incontido prazer.

Desvairado devaneio apenas… louca ilusão que alimenta nela a esperança de um real encontro e que a faz suportar a solidão da espera.

Ela sente obstáculos rondando seus caminhos. “É a ansiedade querendo se instalar.  Ele está por perto, eu sei!  Vai chegar sorrindo, passar as mãos nos meus cabelos, com aquele olhar apaixonado.  E  eu beijarei  sua face, suas mãos, seu peito…”  Assim, amparada em seus sonhos, ela deixa que a sábia energia que move sua mente atravesse fronteiras, cruze mares, transponha montanhas.

Enquanto o tão esperado contato não se dá no mundo real, ela se conforma com a imagem mental que faz dele. Sua visão sensorial torna-se cada vez mais frequente. Agora mesmo ela o vê esparramado ali no sofá, na penumbra do cálido ambiente.  Uma suave música baila no ar.  Nem uma palavra. Por enquanto, não. Só a sofreguidão das carícias, em avassaladores tremores.

Embalada pela doce saciedade, ela dorme.  Seus olhos se cerram  com mais firmeza. A sombra que agora aniquila seus sentidos vai cedendo lugar a uma claridade ímpar, ora com diáfanos matizes ora com cores mais densas, abrasadoras.

Sinuosas formas aparecem e dançam num vai-e-vem alucinante, diante seu translúcido olhar. Ela se põe a flutuar no meio delas, como uma serpentina, em fantásticas elucubrações. Não consegue mais abrir os olhos.  Enxerga com  a visão da alma.

O coração de luz pulsa mais forte ao vê-lo!  Não é só  um devaneio, nem uma ilusão. É o esperado e real encontro!  Ele se aproxima sorrindo e alisa seus cabelos…

Seus etéreos corpos se atraem  em apoteótica fusão. Ela se aconchega em seu ardente peito e, no apogeu da excitação daquela chama, voam abraçados para o infinito…






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