ENDIVIDADO?
DECLARE-SE EXTINTO.
E
VIRE UMA IGREJA!
Ao
notar que é tratado como imbecil, o contribuinte em dia
com o fisco interrompe
o pagamento e entra na fila
do próximo Refis, que deveria se chamar
Programa de
Estímulo à Sonegação
Por Josias
de Souza
UOL –
05/10/2017
Às
vésperas do enterro da segunda denúncia contra Michel Temer, a Câmara arranca
do governo todas as vantagens que o déficit público pode financiar. Insatisfeitos
com tudo o que já obtiveram em cargos e verbas, os deputados querem mais.
Aprovaram na noite passada a penúltima versão do Refis, o programa de
refinanciamento de débitos tributários. Armou-se uma grande farra.
Nos
últimos 15 anos, foram lançadas sucessivas versões do Refis. Como a carga
tributária no Brasil é exorbitante, imagina-se que a iniciativa seja boa.
Engano. Hoje, há dois guichês na Receita. Num, quem deve paga suas dívidas.
Noutro, quem sonega é premiado com descontos generosos e financiamentos
camaradas. Ao notar que é tratado como imbecil, o contribuinte em dia com o
fisco interrompe o pagamento e entra na fila do próximo Refis, que deveria se
chamar Programa de Estímulo à Sonegação.
O
novo Refis parcela dívidas tributárias com perdão de 90% dos juros e 70% das
multas. A medida inclui uma automamata: Há na Câmara 291 deputados pendurados
na Receita. Devem R$ 1 bilhão. No Senado, há 46 sonegadores. Devem R$ 2
bilhões.
A
bancada da Bíblia enfiou na proposta o perdão de dívidas de igrejas e escolas a
elas vinculadas, incluindo débitos com a Previdência, já quebrada. A falta de
pudor oferece uma saída ao brasileiro endividado. Declare-se extinto como
pessoa física. E se reorganize como igreja. Você passará a viver em permanente
estado de graça. Amém.
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