ACONCHEGO
No teu colo, calo
mas a carne não renega
o meu mudo falo.
Recife, 2010
QUANDO O PASSADO VOLTAR
O tempo não me diz nada,
tua presença não me diz nada,
o discurso do presidente nada me diz,
os mortos calaram-se para sempre.
Talvez em algum recôndito
desconhecido e ermo,
exista alguma resposta
para um sentimento ridículo e inútil.
Dispenso a autocomiseração, porém,
pois, apesar de tudo,
uma luz insiste em manter-se acesa
no infinito azul e profundo.
E mesmo sob o manto de
um sentimento insano e desumano
não aspiro regressões ou
a volta ao útero materno.
Talvez no futuro longínquo,
onde até as retas e as pedras
se encontram, a pedra filosofal
nos traga o passado de volta.
Pois se viemos do círculo,
ao círculo voltaremos.
Recife, setembro 2014
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