CHEGANDO EM CASA
Chegando
em casa
com
a alma amarfanhada
e
escura
das
refregas burocráticas
leio
sobre a mesa
um
bilhete que dizia:
-
hoje 22 de agosto de 1994
meu
marido perdeu, deste terraço:
mais
um pôr de sol no Dois Irmãos
o
canto de um bem-te-vi
e
uma orquídea que entardecia
sobre
o mar.
Affonso Romano de Sant'Anna
(Belo Horizonte MG 1937)
Poeta, crítico, professor de literatura, jornalista.
A PRIMEIRA VEZ QUE ENTENDI
A
primeira vez que entendi do mundo
alguma
coisa
foi
quando na infância
cortei
o rabo de uma lagartixa
e
ele continuou se mexendo.
De
lá pra cá
fui
percebendo que as coisas permanecem
vivas
e tortas
que
o amor não acaba assim
que
é difícil extirpar o mal pela raiz.
A
segunda vez que entendi do mundo
alguma
coisa
foi
quando na adolescência me arrancaram
do
lado esquerdo três certezas
e eu
tive que seguir em frente.
De
lá pra cá
aprendi
a achar no escuro o rumo
e
sou capaz de decifrar mensagens
seja
nas nuvens
ou
no grafite de qualquer muro.
***
LEIA TAMBÉM
Passado algum tempo, a viúva levantou-se, dirigiu-se à vitrola,
separou o vinil e colocou para rodar sua música predileta.
E a dúvida de uma vida toda voltou a lhe martelar os miolos.
Por Orlando Silveira
https://orlandosilveira1956.blogspot.com.br/2017/10/quase-historias-duvida-de-leonor.html#comment-form
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separou o vinil e colocou para rodar sua música predileta.
E a dúvida de uma vida toda voltou a lhe martelar os miolos.
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https://orlandosilveira1956.blogspot.com.br/2017/10/quase-historias-duvida-de-leonor.html#comment-form
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