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A TRAIÇÃO DE PEDRINHO
O
velho vereador dirigiu-se ao repórter com aquela contundência cínica, típica
dos larápios com extensa quilometragem:
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Posso lhe assegurar, com absoluta certeza, que nunca, jamais, em tempo algum,
recebi dinheiro das mãos daquele senhor, a quem acusam de praticar toda sorte
de malfeitos. Não nego que o conheço. Estivemos juntos cinco ou seis vezes – se
tanto! – para tratar de assuntos de interesse da comunidade. Nada mais.
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Mas, vereador, há provas de que todos os meses o senhor recebe mesada, para
não contrariar os interesses do seu, digamos assim, “mecenas”, antigo
patrocinador de suas artes.
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Provas? Que provas?
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Há fotos, vídeos de seu principal assessor – chamado Pedrinho – contando as
cédulas e colocando a grana numa maleta, antes de retornar ao seu gabinete...
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Meu caro jornalista, cujo trabalho não me canso de elogiar: tenho meus
defeitos, mas não minto. O que eu lhe disse? Que nunca recebi dinheiro das mãos
daquele senhor. Não há foto ou vídeo que prove isso. E mais: nunca soube da
existência desses recursos não-contabilizados.
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Eu sei que o senhor nunca foi buscar o dinheiro pessoalmente, mas seu assessor
ia em seu lugar. Por falar nisso, onde ele está?
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Sumiu, sem deixar rastros. A vida é dura na política, a política é o reino da
traição. Quem diria que Pedrinho, a quem desde sempre estendi minha mão, pessoa
em quem confiei cegamente, faria uma coisa dessas comigo? Quem diria? Justo
comigo que empobreci por conta da política! (OS)
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