quinta-feira, 24 de setembro de 2015

QUASE HISTÓRIAS (LXXXV)

INTERNET

A TRAIÇÃO DE PEDRINHO

O velho vereador dirigiu-se ao repórter com aquela contundência cínica, típica dos larápios com extensa quilometragem:

-- Posso lhe assegurar, com absoluta certeza, que nunca, jamais, em tempo algum, recebi dinheiro das mãos daquele senhor, a quem acusam de praticar toda sorte de malfeitos. Não nego que o conheço. Estivemos juntos cinco ou seis vezes – se tanto! – para tratar de assuntos de interesse da comunidade. Nada mais.

-- Mas, vereador, há provas de que todos os meses o senhor recebe mesada, para não contrariar os interesses do seu, digamos assim, “mecenas”, antigo patrocinador de suas artes.

-- Provas? Que provas?

-- Há fotos, vídeos de seu principal assessor – chamado Pedrinho – contando as cédulas e colocando a grana numa maleta, antes de retornar ao seu gabinete...

-- Meu caro jornalista, cujo trabalho não me canso de elogiar: tenho meus defeitos, mas não minto. O que eu lhe disse? Que nunca recebi dinheiro das mãos daquele senhor. Não há foto ou vídeo que prove isso. E mais: nunca soube da existência desses recursos não-contabilizados.

-- Eu sei que o senhor nunca foi buscar o dinheiro pessoalmente, mas seu assessor ia em seu lugar. Por falar nisso, onde ele está?

-- Sumiu, sem deixar rastros. A vida é dura na política, a política é o reino da traição. Quem diria que Pedrinho, a quem desde sempre estendi minha mão, pessoa em quem confiei cegamente, faria uma coisa dessas comigo? Quem diria? Justo comigo que empobreci por conta da política! (OS)



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