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A COMADRE
(Por Violante
Pimentel) Durante a vigência do amplo programa
cooperativo “Aliança para o Progresso”, proposto oficialmente pelo então
Presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, no seu discurso de 13 de março
de 1961, muitas coisas aconteceram no Rio Grande do Norte, incluindo coisas
boas e também hilárias.
Esse programa foi lançado durante uma recepção aos Embaixadores
latino-americanos, na Casa Branca, e visava acelerar o desenvolvimento
econômico e social da América Latina, como também evitar o avanço do comunismo
nesse continente.
Na fase inicial da vigência da Aliança para o Progresso, Kennedy e a
bela esposa Jacqueline representavam, para o povão, o que hoje poderia se
chamar de “Casal 20”. Aparentemente apaixonados, eram bonitos e poderosos. Seus
posters e fotos serviam de decoração na casa de seus fãs, principalmente dos
mais humildes. Havia um fanatismo generalizado pelo famoso casal.
Através do Programa Aliança para o Progresso, havia distribuição de
doações aos miseráveis nordestinos, vindas dos Estados Unidos. Para variar, os
políticos ladrões e suas corjas de assessores, conseguiam se apoderar de grande
parte dos donativos, para comercializar de forma descarada.
Em Nova-Cruz (RN), cidade pobre e atrasada, mas chamada de rainha do
agreste, um político foi denunciado por estar desviando o leite em pó,
destinado a matar a fome das crianças pobres da região.
O caso ficou por isso mesmo… A vingança do povo se resumiu, apenas, à
pichação nas paredes: “Cadê o leite, seu doutor?” "Devolva o leite dos
pobres!!!"
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Era comum pessoas humildes, fanáticas do casal Kennedy e Jacqueline,
através de falsos "representantes", convidarem Kennedy e Jaqueline
para padrinhos de batismo de seus filhos recém-nascidos. Esses convites eram,
enganosamente, “encaminhados” ao ilustre casal americano, conforme promessa de
algum político inescrupuloso. No dia e hora marcados para o batizado, esse
emissário chegava à Igreja. Muito compenetrado, trazia em mãos uma procuração
duvidosa, com as "assinaturas" de Kennedy e Jacqueline, dando-lhe poderes
para os representar naquele ato religioso. O pseudo "representante"
do ilustre casal ainda apresentava ao padre a justificativa de que compromissos
superiores haviam impedido o seu comparecimento.
O batizado era realizado, e o vínculo entre os compadres e comadres,
na boa-fé dos matutos, valia para sempre. Os humildes casais sentiam-se
orgulhosos por terem como padrinhos de seus filhos, o belo e importante casal
americano.
Quando houve a tragédia do assassinato de Kennedy, no dia 22 de
novembro de 1963, uma das “comadres” de Kennedy e Jacqueline, moradora da zona
rural de Nova-Cruz (RN), ao saber da dolorosa notícia, ficou inconsolável, e
sofreu uma crise histérica!!!
Completamente fora de si, a mulher teve que ser transportada para o
Posto de Saúde de Nova-Cruz, onde recebeu atendimento médico de urgência. De longe, podiam-se ouvir os gritos da
comadre, desesperados e repetitivos:
-- Meu Deus, “cuma” estará “cumade” Jacqueline???
Muito bom, Violante!! Você é o máximo com suas crônicas. Olhe que essas caixas de leite chegaram lá em casa também, nos tempos das políticas. Bjs.
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