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UM CUSCUZINHO
(Por Violante Pimentel) Jozias
era um excelente advogado de Natal (RN), de quarenta anos, poeta, boêmio,
seresteiro e dono de uma belíssima voz. Quando se encontrava com os amigos em
mesa de bar, esquecia do mundo. Também esquecia de que, em casa, estavam à sua
espera uma esposa briguenta, e dois filhos que alegravam sua vida.
O
casamento de Jozias e Mara se arrastava há 12 anos. A rotina, vilã responsável
pelo desgaste dos relacionamentos, já havia diluído, no tempo e no espaço, o
amor que uniu o casal.
Às
vezes, depois que saía do seu escritório, Jozias se encaminhava a um conhecido
bar, para bater papo com alguns amigos, até a hora do jantar. Como era um homem
bonito e insinuante, era muito assediado pelas mulheres. Uma vez por outra,
cedia à tentação de “pular a cerca”, e às vezes chegava a se apaixonar.
Entretanto, eram paixões violentas e passageiras. Paixões sem amanhã, que
acabavam rapidamente, iguais a fogo de palha.
Na
verdade, o poeta é um apaixonado em estado crônico, e o que ele ama mesmo é o
AMOR.
Mara,
a esposa de Jozias, uma mulher ciumenta e braba, “farejava” os lugares onde o
marido se metia, e sempre o encontrava em mesa de bar com amigos.
Numa
noite de lua cheia, durante uma bebedeira acompanhada de violão e poesia,
Jozias e o amigo Jório foram tentados por duas conhecidas “paqueras”, a
terminar a noite na casa de uma delas. O
cheiro de paixão invadia o ar, e os dois amigos tiveram um fim de noite de amor
com as duas “amigas”. Nas primeiras horas do dia, encontravam-se os dois
boêmios e as duas mulheres tomando o café da manhã, quando alguém tocou a
campainha.
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Ao
abrir a porta, Téssia, uma das moças, foi surpreendida por Mara, esposa de
Jozias, que estava à procura dele. A dona da casa não pôde impedir sua entrada,
pois a mulher empurrou a porta com violência, entrando quase à força. Vendo que
estavam todos à mesa , tomando o café da manhã, a esposa de Jozias o agrediu
com uma bofetada no rosto, e com impropérios. Pelo visto, ela já tinha
conhecimento de que rolava um caso entre os dois amigos e aquelas duas
mulheres. Jório, o amigo de Jozias e da própria Mara, ao ver a jararaca
entrando, escondeu-se debaixo da mesa.
Muito
calmo, e como se não tivesse havido nada demais, Jozias tentou acalmar a
esposa, que parecia endemoniada, e disse:
–
Tenha calma, Mara! Sente aqui e coma um cuscuzinho!!! Um cuscuzinho, Mara!!! Um
cuscuzinho!!!
Furiosa,
Mara respondeu:
–
Um cuscuzinho o que, seu filho de uma puta?!!! Seu safado!!!
A
briga continuou em casa…
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