quarta-feira, 2 de setembro de 2015

COISAS DA VIDA

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UM CUSCUZINHO  

(Por Violante Pimentel) Jozias era um excelente advogado de Natal (RN), de quarenta anos, poeta, boêmio, seresteiro e dono de uma belíssima voz. Quando se encontrava com os amigos em mesa de bar, esquecia do mundo. Também esquecia de que, em casa, estavam à sua espera uma esposa briguenta, e dois filhos que alegravam sua vida.

O casamento de Jozias e Mara se arrastava há 12 anos. A rotina, vilã responsável pelo desgaste dos relacionamentos, já havia diluído, no tempo e no espaço, o amor que uniu o casal.

Às vezes, depois que saía do seu escritório, Jozias se encaminhava a um conhecido bar, para bater papo com alguns amigos, até a hora do jantar. Como era um homem bonito e insinuante, era muito assediado pelas mulheres. Uma vez por outra, cedia à tentação de “pular a cerca”, e às vezes chegava a se apaixonar. Entretanto, eram paixões violentas e passageiras. Paixões sem amanhã, que acabavam rapidamente, iguais a fogo de palha.

Na verdade, o poeta é um apaixonado em estado crônico, e o que ele ama mesmo é o AMOR.

Mara, a esposa de Jozias, uma mulher ciumenta e braba, “farejava” os lugares onde o marido se metia, e sempre o encontrava em mesa de bar com amigos.
Numa noite de lua cheia, durante uma bebedeira acompanhada de violão e poesia, Jozias e o amigo Jório foram tentados por duas conhecidas “paqueras”, a terminar a noite na casa de uma delas.  O cheiro de paixão invadia o ar, e os dois amigos tiveram um fim de noite de amor com as duas “amigas”. Nas primeiras horas do dia, encontravam-se os dois boêmios e as duas mulheres tomando o café da manhã, quando alguém tocou a campainha.

Violante Pimentel
Violante Pimentel é procuradora aposentada
  do Estado do Rio Grande do Norte
 Ao abrir a porta, Téssia, uma das moças, foi surpreendida por Mara, esposa de Jozias, que estava à procura dele. A dona da casa não pôde impedir sua entrada, pois a mulher empurrou a porta com violência, entrando quase à força. Vendo que estavam todos à mesa , tomando o café da manhã, a esposa de Jozias o agrediu com uma bofetada no rosto, e com impropérios. Pelo visto, ela já tinha conhecimento de que rolava um caso entre os dois amigos e aquelas duas mulheres. Jório, o amigo de Jozias e da própria Mara, ao ver a jararaca entrando, escondeu-se debaixo da mesa.

Muito calmo, e como se não tivesse havido nada demais, Jozias tentou acalmar a esposa, que parecia endemoniada, e disse:

– Tenha calma, Mara! Sente aqui e coma um cuscuzinho!!! Um cuscuzinho, Mara!!! Um cuscuzinho!!!

Furiosa, Mara respondeu:

– Um cuscuzinho o que, seu filho de uma puta?!!! Seu safado!!!

A briga continuou em casa…




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