CLÓVIS CAMPÊLO/2015 |
O RECIFE DOS ARRECIFES
Antes
de ser a cidade dos mascates, Recife foi sobretudo a cidade dos pescadores.
Foram eles que desceram da Marim dos Caetés e se instalaram no pequeno istmo de
Olinda, uma estreita língua de terra, medindo cinquenta passos de largo, como
diz a pesquisadora Semira Adler Vainsencher, em artigo sobre a cidade, publicado
no site da Fundação Joaquim Nabuco.
Ainda
segundo Semira, a região, que depois se chamaria Freguesia de Frei Pedro
Gonçalves, tinha um perímetro de aproximadamente mil metros quadrados, onde as
pessoas se amontoavam, provocando uma das mais elevadas densidade demográficas
já conhecidas: 27 mil habitantes por quilômetro quadrado. Esse teria sido um
dos motivos que levaram o conde Maurício de Nassau, no período de dominação
holandesa, de 1630 a 1654, a construir uma ponte em madeira, a famosa ponte do
episódio do boi voador, para chegar ao outro lado do rio Capibaribe e expandir
a ocupação da área. Mas, não nos interessa no momento esse movimento de
afastamento dos arrecifes.
Segundo
o site Klick Educação, o primeiro registro do lugar, hoje chamado do Recife
Antigo, data de 12 de março de 1537 (hoje, considerada oficialmente como a data
do aniversário da cidade), quando o donatário Duarte Coelho Pereira recebeu a
carta de doação da Coroa Portuguesa, o chamado Foral de Olinda. Posteriormente,
o nome da cidade seria uma referência aos arrecifes de arenito, formação
marinha rochosa presente em toda a costa de Pernambuco. Naquela área, os
arrecifes chegam a formar um porto natural.
|
Segundo
a Wikipédia, arrecife é a forma antiga do vocábulo recife, ambos originários do
árabe ár-raçif, que significa calçada, caminho pavimentado, linha de escolhos,
dique, paredão, cais, molhe. Ainda segundo o dicionário virtual, em sua forma
arcaica, “arracefe”, o vocábulo já era utilizado em 1258, segundo registra o
dicionarista José Pedro Machado. Assim, o topônimo da atual cidade do Recife
resulta do acidente geográfico, cuja designação é registrada pela primeira vez
no Diário de Pero Lopes de Souza, que denominou o seu porto natural de “Barra
dos Arrecifes” (1532) e no já citado Foral de Olinda, no qual o donatário Duarte
Coelho Pereira, chama-o de “ribeiro do mar dos Arrecifes dos Navios”.
Em
1630, a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais invade a Capitania de
Pernambuco, então a mais rica capitania do Brasil Colônia e maior produtora de
açúcar do mundo. No Recife holandês, foi iniciada a construção de Mauritsstad
(Cidade Maurícia, ou Mauriceia). O Recife foi a capital do Brasil Holandês
durante 24 anos, tendo sido governada de 1637 a 1644 pelo conde alemão, a
serviço da Companhia das Índias Ocidentais.
De
lá para cá, muito tempo passou, restaurou-se o domínio português, acompanhamos
os movimentos libertários que nos levaram à Independência do Brasil e chegamos
à modernidade com a capital mais pujante do Nordeste e entre as mais belas e
consistentes capitais brasileiras.
Os
arrecifes dos quais herdamos o nome continuam lá, nos protegendo das
intempéries naturais e interferindo beneficamente no nosso relacionamentos com
as águas oceânicas.
Recife,
setembro 2015
Nenhum comentário:
Postar um comentário