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ABOIO TRISTE
Canta
com fé o vaqueiro,
O
triste aboio na tarde que se finda,
Aguardando
que o céu vermelho
Se
recubra de estrelas,
E
que a Lua prateada
Enfeite
a paisagem da
Caatinga
desolada.
Chora
sem lágrimas
Porque
a seca levou
A
última gota de água,
Do
solo crestado do sertão.
E só
o que resta é cantar,
E
com seu canto clamar,
Um
pouco de compaixão.
Não
há mais rês a aboiar,
Só
pedra, espinho e tristeza,
Em
todo lugar.
O
velho baio, já não galopa,
Tropeça
na própria fome,
De
quem há tempos,
Só
xiquexique consome.
Só
resta agora cantar para o Céu,
O
Céu azul, que guarda o Sol inclemente.
E
rogar que este convide as nuvens,
Para
voltar ao sertão.
Quais
fossem mansas ovelhas,
Que
venham a verdes pastagens,
E
que depois que se fartem,
Derramem
o seu leite:
A
chuva preciosa.
Só
resta agora aboiar as estrelas,
Que
elas possam descer do céu,
E
guiar a chuva,
Assim
como a Alva, guiou os pastores
Ao
berço do Menino Jesus,
E
que chova nos campos,
E
que os rios corram,
E
que os riachos cantem,
E os
açudes encham e se fartem.
E
que a verdura, a beleza e a vida,
Retornem
ao nosso belo sertão.
16/10/2013
Vólia Loureiro do Amaral Lima é paraibana,
engenheira civil, poetisa, romancista e artista plástica..
Autora das obras Aos Que Ainda Sonham (Poesia)
e Onde As Paralelas Se Encontram (Romance).
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