terça-feira, 15 de setembro de 2015

O CANTO DE VÓLIA

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ABOIO TRISTE

Canta com fé o vaqueiro,
O triste aboio na tarde que se finda,
Aguardando que o céu vermelho
Se recubra de estrelas,
E que a Lua prateada
Enfeite a paisagem da
Caatinga desolada.

Chora sem lágrimas
Porque a seca levou
A última gota de água,
Do solo crestado do sertão.
E só o que resta é cantar,
E com seu canto clamar,
Um pouco de compaixão.

Não há mais rês a aboiar,
Só pedra, espinho e tristeza,
Em todo lugar.
O velho baio, já não galopa,
Tropeça na própria fome,
De quem há tempos,
Só xiquexique consome.

Só resta agora cantar para o Céu,
O Céu azul, que guarda o Sol inclemente.
E rogar que este convide as nuvens,
Para voltar ao sertão.
Quais fossem mansas ovelhas,
Que venham a verdes pastagens,
E que depois que se fartem,
Derramem o seu leite:
A chuva preciosa.

Só resta agora aboiar as estrelas,
Que elas possam descer do céu,
E guiar a chuva,
Assim como a Alva, guiou os pastores
Ao berço do Menino Jesus,
E que chova nos campos,
E que os rios corram,
E que os riachos cantem,
E os açudes encham e se fartem.
E que a verdura, a beleza e a vida,
Retornem ao nosso belo sertão.

16/10/2013


Vólia Loureiro Do Amaral

Vólia Loureiro do Amaral Lima é paraibana,
engenheira civil, poetisa, romancista e artista plástica.. 
Autora das obras Aos Que Ainda Sonham (Poesia) 
e Onde As Paralelas Se Encontram (Romance). 




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