quinta-feira, 30 de abril de 2015

QUASE HISTÓRIAS

ARQUIVO GOOGLE

CAMINHO SUAVE

Meu pai, grande pai, tentou me ensinar grandes coisas. Pobre pai. Por birra, burrice minha, aprendi pouco. Fui mau aluno. Paciência. Nunca quis ser o primeiro da classe. O penúltimo lugar sempre me pareceu suficiente.

Mas, dos ensinamentos do pai, incorporei um, definitivo:

-- Deus não se manifesta no barulho. 

O CONTADOR DE CARNEIROS

Era uma vez um homem que, desde menino, acostumara-se a ver a vida pela janela. Esperava sempre as condições ideais para fazer aquilo que sonhava fazer – a maneira mais objetiva de nunca fazer nada. Condições ideais não existem.

Como o tempo não para, ele também ficou velho, como ficam velhos todos, ou quase todos, os meninos. (Alguns morrem no meio do caminho.)

Ainda lhe restam forças para fechar a janela, tomar o elevador e, finalmente, caminhar. Mas de que lhe vale este fiapo de vigor, se ele não aprendeu a atravessar a rua?

Melhor cerrar a cortina. E contar carneiros. Como sempre fez.

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