quarta-feira, 1 de abril de 2015

COISAS DA VIDA


(Por Violante Pimentel) Há muitos anos, um conhecido advogado e professor  de Direito de Natal, Dr. Otávio Silva, foi vítima de uma grosseira brincadeira, por parte de alguns amigos. Muito católico, casado e com 12 filhos, só tinha olhos para a sua família. Jamais admitiu a infidelidade conjugal. Era o chamado homem “ferrolho”, e disso tinha orgulho. Achava que o sexo tinha como finalidade precípua a reprodução da espécie. Tudo para ele era pecado, inclusive evitar filhos. 

Numa sexta-feira, o Dr. Otávio foi convidado pelos colegas de escritório para participar de um almoço em comemoração ao aniversário de um deles, Dr. Geraldo. Por delicadeza, aceitou o convite. Avisou à esposa que não o esperasse para almoçar, e do escritório ele e os colegas foram diretamente para um tradicional restaurante da cidade, a "Peixada da Comadre". Saborearam um lauto almoço, acompanhado de vinho branco da melhor qualidade, não faltando sobremesas, café e licor. Foi uma tarde maravilhosa, com papo descontraído, onde foram postos em dia assuntos amenos, deixando-se de fora os problemas jurídicos do escritório. Ao saírem do restaurante, os advogados estavam bastante eufóricos, pelo excesso de vinho que haviam tomado, embora outros, como o Dr. Otávio, só tivessem bebido refrigerante e água de coco. 


Violante Pimentel é procuradora aposentada
 do Estado do Rio Grande do Norte

Dr. Geraldo, o aniversariante, era divorciado, e tinha liberdade para fazer o que bem quisesse. Ainda no restaurante, enquanto Dr. Otávio foi ao banheiro, ele, por brincadeira, combinou com os amigos para saírem dali para o Bordel de Maria Boa, levando o respeitável causídico, sem que ele percebesse. Para isso, teriam que distraí-lo com conversas e piadas, até chegarem ao cabaré. E foi assim que os dois carros entraram no estacionamento do bordel, que era protegido por um muro muito alto. Na certeza de que os amigos o estavam levando para ouvir um grupo de chorinho em um bar, o antigo advogado se surpreendeu quando a turma adentrou o salão principal, onde se encontravam algumas mulheres muito produzidas, bebendo e ouvindo música em uma antiga radiola, na companhia de alguns homens.

De repente, a mais bonita das moças, muito alta e elegante, a mandado de um desses amigos, aproximou-se do Dr. Otávio, insinuando-se com o seu decote exagerado, e fazendo-lhe galanteios picantes. Ao perceber a total indiferença do suposto cliente, a mulher disfarçou o seu desapontamento e se afastou do salão principal.

O antigo advogado, que há quarenta anos vivia para a esposa e seus doze filhos, muito nervoso, percebeu que não estava num ambiente familiar. Contrariado, perguntou ao aniversariante:

- Geraldo, responda, por favor: Aquela mulher é rapariga, é? É rapariga?

E o aniversariante, muito brincalhão, respondeu, com ênfase, tentando tranquilizar o antigo advogado:

- Juro que não, Otávio!!! Aquela mulher é uma Santa!!! Ela é uma Santa!!!

Dr. Otávio nunca perdoou essa brincadeira...




Nenhum comentário:

Postar um comentário