quarta-feira, 29 de abril de 2015

COISAS DA VIDA

Oração do Corno
humortadela.uol.com.br


A TROCA

Toninho era boêmio e namorador. Divorciado, vivia em busca de aventuras. Mulher casada e infiel, se fosse bonita e gostosa, era com ele mesmo. Bonitão, insinuante e devorador de livros, era também poeta e seresteiro.

Rosilda, esposa de Alberto, um conhecido dentista da cidade, costumava trair o marido, que só vivia para o trabalho. O homem suspeitava da esposa, mas não tinha certeza de nada. Era o chamado “corno cuscuz” (abafado). O casal não tinha filhos.

A mulher conheceu Toninho num restaurante, onde jantava com o marido, e se sentiu atraída por ele. O poeta também sentiu imediata atração por ela. Enquanto o dentista foi ao banheiro, Toninho passou pela mesa e entregou seu cartão de apresentação a Rosilda. No dia seguinte, a mulher lhe telefonou e os dois combinaram um encontro. Tornaram-se amantes, passando a frequentar motéis, sempre durante o dia, enquanto o marido se encontrava no consultório.

Num certo dia, o dentista viajou para um congresso em Fortaleza (CE), passando a semana fora. Ficara de retornar no domingo. Feliz da vida, na sexta-feira, Rosilda deu o sinal verde para que o namorado viesse encontrá-la em sua própria casa. Os dois amantes usavam a mesma cama onde Rosilda e o marido raramente faziam amor.

Violante Pimentel é procuradora aposentada
 do Estado do Rio Grande do Norte

O dentista, sem avisar, antecipou sua volta para a sexta-feira.

Os amantes, quase exaustos da maratona amorosa, foram surpreendidos pelo barulho do carro do dono da casa entrando na garagem.

Apavorados, os dois pularam da cama. O homem vestiu a cueca, agarrou a calça e a camisa nos braços, e pulou a janela do quarto, saindo pelo quintal, e correndo para a casa do vizinho, que era seu amigo. Por sorte, o amigo Artur estava em casa, ouviu sua voz e mandou que entrasse. Ali, Toninho terminou de se vestir e, bastante nervoso, já ia tirar o time, quando pôs no rosto os óculos que trazia nas mãos. Notou, então, que aqueles óculos não eram os seus. Estava sem enxergar quase nada, pois era míope e usava as chamadas lentes "fundo de garrafa", com um grau muito forte.

A ficha então caiu!!! Ele trocara seus óculos pelos óculos do dentista!!! Pediu, então, ao amigo Artur para que fosse destrocá-los. Mas, naquele momento, seria impossível! O pau já estava quebrando na casa do dentista, que não teve mais como ignorar a traição da mulher. Garrafas de vinho, taças, petiscos, cama desarrumada, roupas pelo chão, cinzeiro com restos de cigarros, enfim, todo um cenário que denunciava a traição. Para completar a cena, o dentista pôs no rosto os óculos que estavam na mesa de cabeceira e viu também que não eram seus.

Dessa vez, não dava mais para tapar o sol com a peneira...  A traição da mulher estava clara e o dentista teve que se convencer de que era corno. 




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