MATIAS DA ROCHA |
O NOSSO SEGUNDO HINO
Do
mesmo modo que a música “Aquarela do Brasil”, do compositor mineiro Ary
Barroso, é considerada por muitos como o nosso segundo Hino Nacional, considero
o frevo “Vassourinhas”, de Matias da Rocha e Joana Batista Ramos, como o
segundo hino do estado de Pernambuco.
Consta
que a música foi composta pela dupla em janeiro de 1909 e vendida ao Clube
Vassourinhas por três mil réis em novembro do ano seguinte.
A
história é confirmada pelo pesquisador Evandro Rabelo em texto postado no site
da Fundação Joaquim Nabuco. Afirma o pesquisador que na sede do Clube
Vassourinhas foi encontrado por ele um recibo datado de 18 de novembro de 1910,
no valor acima citado, assinado pelos autores da música. Do mesmo modo, ainda
segundo Rabelo, no 2º Cartório de Registro Especial de Títulos e Documentos,
consta outro documento, assinado por Joana Batista, em 1949, onde declara que a
marcha foi composta por ela e Matias da Rocha no dia 6 de janeiro de 1909, no
arrabalde de Beberibe, em um mocambo de frente a estação do Porto da Madeira.
Joana
Batista Ramos faleceu em 1952, na sua casa no bairro do Zumbi, aos 74 anos de
idade. Um ano antes, porém, em 1951, quando o Clube Vassourinhas foi ao Rio de
Janeiro participar com êxito do carnaval carioca, ela cantou a marcha famosa
devidamente orquestrada.
Sendo
uma das músicas mais gravadas e executadas em toda a história da música popular
pernambucana, “Vassourinhas”, no entanto, é questionada por alguns estudiosos
do assunto, no que tange à simplicidade da sua estrutura melódica, já que o
frevo-de-rua exige virtuosismo e um amplo conhecimento musical por parte dos
seus compositores.
Entretanto,
em 1956, ao lado da Orquestra Mocambo, regida pelo maestro Nélson Ferreira,
Félix Lins de Albuquerque, mais conhecido como Felinho, com seu clarinete,
introduziu variações tão brilhantes na música que praticamente a recriou,
tornando-se por isso reconhecido e admirado.
CLÓVIS CAMPÊLO |
Assim
como Nélson Ferreira, Felinho nasceu na cidade de Bonito, no agreste
pernambucano, no dia 14 de dezembro de 1895, e faleceu no Recife, em 9 de
janeiro de 1980, deixando uma vasta obra musical.
No
que tange a Matias da Rocha pouco se sabe sobre a sua biografia, além de que
tenha sido um dos fundadores do Clube Vassourinhas, em 1889. Segundo o texto de
Evandro Rabelo supra citado, era elegante, negro, afilado, maestro, tocador de
violão, primo de Joana Batista Ramos e autor de outras músicas que não tiveram
a felicidade de serem perpetuadas. Ambos eram alfabetizados, já que assinaram o
recibo de venda do frevo famoso.
Recife,
2011
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