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Viver
mais tem seu preço. Ou melhor: preços. A gente vive mais, mas já não pode fazer
isso e – o que é pior – aquilo. Até faz. Mas não faz tão bem como acredita ter
feito, naqueles tempos de cabelos longos iguais aos seus.
O
pouco que se ganha é surrupiado. O médico lhe tira com uma mão. E os
laboratórios com as duas. Aquele remédio de ponta lhe permite fazer xixi sem
sentir dor – numa versão moderna de Amelinha –, mas lhe rouba o último suspiro
de memória. A ponto de você jurar que gania de puro prazer.
As
mulheres têm lá suas queixas. Secura, calores, flacidez, ossos ocos etc.
Os
homens também têm lá as suas agruras. E não são poucas. Calvície, barriga,
falta de fôlego, ereção chinfrim, coisas assim. Tudo isso a gente tira de
letra. O que não dá para encarar são as tetas que aparecem sem pedir licença,
com o avançar dos anos. Coisa medonha. Claro que, nos mais gordos, a coisa é
pior. Mas não há magro velho que passe batido. Ou seja: sem tetas, por menores que sejam.
Vou
levar este corpinho roliço, para tomar um banho de mar. As
tetas, claro, já fizeram as malas. Sabiá tenta me consolar:
--
Deixe de ser besta. Na sua idade, todos os homens têm tetas.
--
Pois é. Na minha idade, todos os homens têm tetas. E quem foi que lhe disse que
a desgraça alheia minimiza a minha? (dezembro
de 2012)
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