www.imperiodarenda.com |
CÚMPLICES
Argemiro
(8.6, hipertenso, cardíaco) e Esmeralda (8.7, obesa, diabética) eram casados há
sessenta anos. A cada dia, a cumplicidade entre eles aumentava:
--
Tudo bem, Argemiro, não vou dizer aos meninos que hoje você tomou uma cachaça
escondida e duas latas de cerveja também.
--
Você jura por Deus, Esmeralda, que não vai contar aos meninos que bebi? Eles
estão loucos pra nos internar...
--
Juro. Mas só se você jurar que não vai contar pra eles que eu bati uma lata de
leite condensado. Quer uma balinha de coco?
--
Não, obrigado. Vou tomar mais um gole.
VASO BOM
Hoje,
estou “quase” convencido de que sou um homem bom. Bom? Bom nada: boníssimo, dos
que merecem, definitivamente, um espaço no panteão dos santos. E vejam bem: não
afirmo isso por cabotinismo, me valho da mais pura lógica para chegar a tal
conclusão.
Os
ditos populares, a exemplo da fé, não costumam falhar. Eu acredito em quase todos
ditos e benditos, desde que me convenham. E o que diz um dos mais famosos
deles? Que vaso ruim não quebra. Trata-se da mais absoluta verdade. Ora, ora,
se vaso ruim não quebra, vaso bom quebra. Como estou um amontoado de cacos – a
espera de uma alma santa, munida de vassoura e pá, que me recomponha –, só
posso ser o que sempre imaginei ser: um cara trilegal.
Contra
a lógica, meus caros, não há argumentos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário