sexta-feira, 3 de abril de 2015

CHÁ DAS CINCO: FERREIRA GULLAR (5/5)

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CANTIGA PARA NÃO MORRER

Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.

Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.

Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.

E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.


 MADRUGADA

Do fundo de meu quarto, do fundo
de meu corpo
clandestino
ouço (não vejo) ouço
crescer no osso e no músculo da noite
a noite

a noite ocidental obscenamente acesa
sobre meu país dividido em classes



OBRAS DE FERREIRA GULLAR

Um Pouco Acima do Chão, poesia, 1949
A Luta Corporal, poesia, 1954
Teoria do Não-Objeto, ensaio, 1959
João Boa-Morte, Cabra Marcado pra Morrer, poesia, 1962
Quem Matou Aparecida?, poesia, 1962
Cultura Posta em Questão, ensaio, 1964
Se Corre o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come, teatro, 1966
A Saída? Onde Fica a Saída?, teatro, 1967
Dr. Getúlio, Sua Vida e Sua Glória, teatro, 1968
Por Você, Por Mim, poesia, 1968
Vanguarda e Subdesenvolvimento, ensaio, 1969
Dentro da Noite Veloz, poesia, 1975
A Luta Corporal e Novos Poemas, poesia, 1976
Poema Sujo, poesia, 1976
Antologia Poética, poesia, 1977
Augusto dos Anjos ou Vida e Morte Nordestina, ensaio, 1977
A Vertigem do Dia, poesia, 1980
Sobre Arte, ensaio, 1983
Barulhos, poesia, 1987
Poemas Escolhidos, 1989
Indagação de Hoje, ensaio, 1989
O Formigueiro, poesia, 1991
Argumentação Contra a Morte da Arte, ensaio, 1993
Rabo de Foguete-Os Anos no Exílio, memórias, 1998
Muitas Vozes, poesia, 1999
Rembrandt, ensaio, 2002
Relâmpagos, ensaio, 2003
Um Gato Chamado Gatinho, poesia, 2005
Resmungos, poesia, 2007
Em Alguma Parte Alguma, poesia, 2010


(Fonte: e-biografia)

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