caminhão misto |
O BANHO DE CUIA
(Por Violante Pimentel) No
tempo das estradas de barro e da falta de água encanada, Luiz Rufino, motorista
profissional, dirigia um misto, caminhão antigo, de duas boleias. Fazia a linha
entre duas cidades do Rio Grande do Norte, Currais Novos e São Tomé. As
estradas esburacadas, os solavancos e o calor exaustivo tornavam a viagem
bastante cansativa. Os passageiros ficavam enfadados e empoeirados.
Na
metade do caminho havia uma parada, para o motorista obrigatória, na residência
de uma senhora viúva, Dona Joana, que comercializava refeições e banhos. O
banheiro era precário e contava, somente, com um enorme tanque cheio d’água, e
uma cuia. Essa parada costumeira era aguardada com ansiedade pelos passageiros
do misto. O motorista, um homem alto, gordo e calorento, ao chegar ali,
encaminhava-se direto ao banheiro para tomar banho, e depois se sentava à mesa
para almoçar.
Num
dia de terrível mormaço, ao chegar à desejada parada, Luiz Rufino recebeu de
Dona Joana, a proprietária do restaurante, o aviso de que havia muito pouca
água no tanque, e que por esse motivo não poderia facultar o banho aos
passageiros. Iria abrir uma exceção, apenas, para ele, a quem devia muita
atenção. Entretanto, a água deveria ser poupada. Pediu-lhe, então, que tomasse
um banho rápido. Luiz Rufino se encaminhou ao banheiro, levando roupa para
trocar, toalha e sabonete. Dona Joana continuou atendendo aos passageiros,
servindo o almoço e esperando que o motorista terminasse o banho, para almoçar
também.
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Todos
almoçaram e nada do homem vir para a mesa. A mulher começou a se preocupar, e
foi até à porta do banheiro para ver o que estava acontecendo. Entretanto, não
ouviu qualquer barulho, que indicasse que Luiz Rufino estivesse tomando banho
de cuia. A sua preocupação aumentou, quando ela o chamou pelo nome e o
motorista não respondeu. Dona Joana gelou, imaginando que o homem tivesse sido
acometido de um mal súbito.
Destemida
e austera, a mulher empurrou a porta do banheiro, e, para sua surpresa, deu de
cara com Luiz Rufino, aquele homem enorme e gordo, nu, sentado dentro do
tanque, tomando banho!!! A mulher deu um grito de horror e indignação, diante
da cena que lhe pareceu grotesca!
O
motorista se justificou, com muita naturalidade, dizendo que preferiu tomar
banho dentro do tanque, para não gastar a água! …
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