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Foram anos e mais meses, semanas, dias e horas de discórdia e ingratidão. Você ameaçando
ir embora com esse, com aquele, com o primeiro que lhe galopasse. Ameaçando ir
embora sem os filhos no colo. Eu com as crianças no chão. Só.
Bota angústia nisso.
Foram anos, Gerô. Foram anos.
Aflito, coração nos pés, sofri, por décadas, a dor da separação que não
vinha.
Só ameaças, maledicências. Sofrimento inútil.
E por que, Gerô, a separação?
Por conveniência sua:
O mundo lá fora é difícil, custa
caro, só tem valor quem tem dinheiro, não importa de onde o dinheiro venha. Pude lhe
dar pouco. Sei de suas mágoas, peitos pequenos e murchos, mas quem pode pagar
enxerto, internação e tudo mais, ganhando o que ganho? Ainda que não tivesse
bebido a vida toda, não tivesse botado um puto de um cigarro na boca, não teria
dinheiro para lhe comprar um “bico” importado.
Não se faz isso, faz não, Gerô, com um
homem frágil, inseguro, mas honesto e trabalhador, e que tanto te amou.
Hoje, sei que você vai amanhã.
Vi a mala pronta e bilhete do ônibus na caixinha onde você guarda suas
bijuterias e santinhos.
Vá com Deus, mas vá mesmo. Obrigado por me ensinar a não sofrer mais.
Não precisa levar os santinhos, reze.
Ascenso
Ótima crônica, Orlando Silveira! Gerolina pintou e bordou com o marido, e ele aguentou, porque também não era santo... Agora chegou a hora..."Vá com Deus"!!! Feliz Páscoa!
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