BRAGA JR, O LORDE DA
NARRAÇÃO
Joaquim Macedo Júnior |
(POR
JOAQUIM MACEDO JÚNIOR)
Nem sei nem se terei tempo e espaço para lembrar alguns dos grandes nomes do
rádio e da comunicação com quem trabalhei.
Hoje, recordo Braga
Júnior, um dos melhores do rádio-esportivo brasileiro. Tive a oportunidade de
dividir o mesmo microfone com ele, no dia 3 de junho de 1984.
A data remete
imediatamente ao GP de Mônaco, histórico pela disputa entre Alain Prost e Airton
Senna – briga, aliás, que nos eletrizava a todos nas manhãs de domingo, do
Senna. A carreira terminou com o francês na frente e Senna em segundo.
No Brasil, porém, para
a política, era um dia especialmente importante. Como se sabe, as eleições
diretas para governador de Estado foram retomadas em 1982, ainda na ditadura
militar. Para as cidades consideradas de “segurança nacional” – capitais e
municípios estratégicos – somente em 1984.
Pois foi no dia 3 de
junho de 1984 que pude fazer uma transmissão conjunta com o Braga Júnior. Ele
no belíssimo balneário monegasco e todo o seu glamour. Braga me chamava antes
da corrida, direto de Mônaco para saber das eleições santistas, ao vivo, em
alguns momentos espaçados e depois com o balanço do pleito de Santos.
Braga Júnior |
Enquanto Prost ganhava
em Mônaco, Oswaldo Justo tornava-se o primeiro prefeito eleito da cidade de
Santos, após duas décadas de alcaides indicados.
Pois foi este o momento
que dividi com Braga Júnior, o único locutor ainda vivo que fez a Copa de 1958 (site
do Milton Neves). Além de ter um temperamento forte e uma sinceridade raros,
Braga Júnior era um dos “monstros” do rádio, com quem estava fazendo uma
cobertura no pesado microfone da Globo/Excelsior numa mesma jornada. Ele no
balneário de Mônaco e eu no balneário de Santos, terra do time de Pelé, que fiz
questão de registrar.
Em conversa de
corredor, na rádio, Braga Júnior uma vez me disse. Não entendo esses prêmios:
“o ano em que estava na minha melhor foi em mil, novecentos e cinqüenta e
tanto, mas me deram o prêmio de melhor narrador em 1958. Eu não entendo, talvez
por causa da Copa”.
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