Vereador paulistano em
primeiro mandato, ele levou meses para fazer seu discurso inaugural no chamado
Grande Expediente – período da sessão ordinária em que quatro parlamentares
podem falar por quinze minutos cada um. Garantia o sustento como professor de
cursinho. Estava, portanto, habituado a falar em público. Timidez não era.
Certa tarde, ele tomou
coragem e, munido de apontamentos, foi à tribuna. Aconteceu com ele o que,
invariavelmente, acontece com a maioria dos “oradores”. Os que estavam no
plenário não davam a mínima à sua falação, por mais que ele se empenhasse para ser
ouvido. Irritado, pediu ao presidente da sessão que tomasse providências contra
aquela falta de respeito etc. e tal.
Foi aparteado por uma
das raposas da Casa:
-- Vossa Excelência
precisa entender que o problema não está na falta de educação de seus pares,
mas na precariedade de sua oratória.
O dublê de professor de
cursinho e vereador só voltou a usar a tribuna tempos depois. Não reclamou mais
da “falta de respeito” etc. e tal de seus pares. Até porque, no plenário,
ninguém está interessado em ouvir nada. Já foi tudo acertado nas reuniões
fechadas. Agora, ele também sabia disso. Era um deles.
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