Gostava de ouvir a própria voz. E como gostava! Gostava mais ainda que
os outros soubessem de suas certezas absolutas, de seu coração "generoso":
-- Dinheiro para pedinte eu não dou. Se o sujeito quer comer um pão
com manteiga, eu pago. Se quiser uma coxinha, pago. Pago até um picolé de
frutas. Mas ele tem que comer na minha frente. Agora, dinheiro para pinga? Sem
chances. Não dou mesmo.
O que nosso humanitário ignora é que o pedinte não consegue
engolir o pão com manteiga, muito menos a coxinha, e que picolé de frutas lhe
provoca os piores enjoos.
Lições de moral não aliviam a fissura dos fissurados.
NOVEMBRO/2014
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