METRÓPOLE
Selva selvagem, hirta,
bruta,
monóxido de carbono
negando a clorofila.
Definitivamente
contaminado,
no entanto, não
cantarei
o “fugere urbem”
(em minhas veias correm
partículas de chumbo,
kriptonita moderna).
Alimento-me da tua
desordem,
respiro tua energia
caótica,
bebo o teu ar impuro.
Amodeio-te e grito isto
bem mais alto do que
o som das tuas buzinas.
Incendeias ao
crepúsculo,
violeta, violenta,
violada
(insetos de ferro
rasgam-te
as entranhas),
o diabo solto na rua,
no meio do redemoinho.
Estrebuchas até que
o silêncio da noite,
vasta e mesmíssima
noite,
jogue sobre ti
o seu manto negro.
Recife,
1992
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