quarta-feira, 30 de abril de 2014

PROFISSÃO: REPÓRTER – CASOS E PERIPÉCIAS

ENTREVISTADOS DE QUEM SOMOS
TIETES OU ADMIRADORES

Joaquim Macedo Júnior

  
(POR JOAQUIM MACEDO JÚNIOR) Ao longo de uma trajetória de repórter de assuntos gerais, em rádio, não são muitos os momentos em que se tem a oportunidade de entrevistar ou apenas participar de coletiva com figuras de grande fama, nome, carisma. Matutando dia desses sobre quais oportunidades tive, relacionei não mais que duas, três.

Excluí, de antemão, os presidentes da República brasileira, ministros, governadores e outros políticos em ação nos seus cargos. Pelo óbvio e também porque não tive grande sorte. Estes foram Sarney e João Figueiredo, algumas tantas vezes, em encontros que não me trouxeram nenhuma emoção.

Ah, sim, o Tancredo Neves, em outras situações, já como candidato às eleições pelo colégio eleitoral, tinha sua graça. Lembro-me de visita que fez a Ivete Vargas, aqui em São Paulo. Cara carrancuda e jeito de avô, Tancredo era parte da história viva do Brasil e poder conhecê-lo, o pouco que fosse, não deixou de ser instigante.

Não deixava pergunta sem resposta, mesmo que essa fosse apenas uma peça de ficção para entreter o entrevistador. Baixinho e muito rápido, era mais que afável com as repórteres mulheres e cautelosamente educado com os cavalheiros de microfone. Sua discriminação era visível: “Como é, minha filha”... Mineirão danado. Aos rapazes, as perguntas seguintes. Safadinho, o doutor Tancredo.

Mas vamos aos dois atores que me deixaram mais na condição de tiete, que de entrevistador.

Fui escalado para a chegada do então primeiro-ministro canadense Pierre Trudeau (Montreal, 1919-2000), no início dos anos 80. Veio fazer contatos com o governo de São Paulo e iria a Brasília. Primordialmente, fizemos perguntas políticas, como as primeiras eleições aos governos estaduais no Brasil, em 1982 .Eu confesso que achei o sujeito simpático, elegante, bem apessoado e pude conferir o que muitos taxavam como marca pessoal de Trudeau: o traje esporte simples, paletó, gravata e.... tênis. Na época, uma verdadeira ousadia. Fiquei feliz em conversar por alguns minutos com o político importante. As colegas, porém...

Pierre Trudeau

Outra situação, de grande prazer e alegria, e que chega a paralisar o repórter por alguns segundos, é estar e ficar diante de Jorge Amado, entrevistando e, depois, tendo o prazer de compartilhar uma conversa informal com o escritor baiano na sala da presidência da Câmara de São Paulo, aonde viera receber honraria da Casa. Foi entre 1986 e 87 e a conversa muito boa, porque, mais do que falar de suas “Gabrielas” e “Jubiabás”, nos deu uma aula sobre a Constituinte de 1946, da qual participou como deputado.

Para finalizar, como não me sentir honrado e pegar carona no bonde da história, ao ser escalado para entrevistar Miguel Arraes de Alencar, na sala de imprensa do Aeroporto de Congonhas? O setor era brilhantemente coberto pelo grande amigo Amorim Filho, mas como o personagem só chegaria às 10/11 horas, fui cobrir já que o “mano veio” ficava ali, falando dos pássaros de prata no horário das 6 às 9 da manhã.

Dessa entrevista, não tenho muito mais o que dizer não. Fiz as perguntas que estavam estritamente na pauta, sem desviar um centímetro do tema e fiquei olhando para o homem que vira chegar nos braços do povo, poucos anos antes, em 1979, no grande evento da chegada dos anistiados, no Recife, no bairro de Santo Amaro.

Ali, foi só emoção. O cearense mais importante de Pernambuco, um dos maiores brasileiros da história. Era o doutor Arraes. E ponto. Pena que não tivesse “selfie” naquela época.


Miguel Arraes



  


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