ENTREVISTADOS DE QUEM
SOMOS
TIETES OU ADMIRADORES
Joaquim Macedo Júnior |
(POR JOAQUIM MACEDO
JÚNIOR) Ao longo de uma
trajetória de repórter de assuntos gerais, em rádio, não são muitos os momentos
em que se tem a oportunidade de entrevistar ou apenas participar de coletiva
com figuras de grande fama, nome, carisma. Matutando dia desses sobre quais oportunidades
tive, relacionei não mais que duas, três.
Excluí, de antemão, os presidentes da República
brasileira, ministros, governadores e outros políticos em ação nos seus cargos.
Pelo óbvio e também porque não tive grande sorte. Estes foram Sarney e João
Figueiredo, algumas tantas vezes, em encontros que não me trouxeram nenhuma
emoção.
Ah, sim, o Tancredo Neves, em outras situações, já
como candidato às eleições pelo colégio eleitoral, tinha sua graça. Lembro-me
de visita que fez a Ivete Vargas, aqui em São Paulo. Cara carrancuda e jeito de
avô, Tancredo era parte da história viva do Brasil e poder conhecê-lo, o pouco
que fosse, não deixou de ser instigante.
Não deixava pergunta sem resposta, mesmo que essa
fosse apenas uma peça de ficção para entreter o entrevistador. Baixinho e muito
rápido, era mais que afável com as repórteres mulheres e cautelosamente educado
com os cavalheiros de microfone. Sua discriminação era visível: “Como é, minha
filha”... Mineirão danado. Aos rapazes, as perguntas seguintes. Safadinho, o doutor
Tancredo.
Mas vamos aos dois atores que me deixaram mais na
condição de tiete, que de entrevistador.
Fui escalado para a chegada do então
primeiro-ministro canadense Pierre Trudeau (Montreal, 1919-2000), no início
dos anos 80. Veio fazer contatos com o governo de São Paulo e iria a Brasília.
Primordialmente, fizemos perguntas políticas, como as primeiras eleições aos
governos estaduais no Brasil, em 1982 .Eu confesso que achei o sujeito
simpático, elegante, bem apessoado e pude conferir o que muitos taxavam como
marca pessoal de Trudeau: o traje esporte simples, paletó, gravata e.... tênis.
Na época, uma verdadeira ousadia. Fiquei feliz em conversar por alguns minutos
com o político importante. As colegas, porém...
Pierre Trudeau |
Outra situação, de grande prazer e alegria, e que
chega a paralisar o repórter por alguns segundos, é estar e ficar diante de
Jorge Amado, entrevistando e, depois, tendo o prazer de compartilhar uma
conversa informal com o escritor baiano na sala da presidência da Câmara de São
Paulo, aonde viera receber honraria da Casa. Foi entre 1986 e 87 e a conversa
muito boa, porque, mais do que falar de suas “Gabrielas” e “Jubiabás”, nos deu
uma aula sobre a Constituinte de 1946, da qual participou como deputado.
Para finalizar, como não me sentir honrado e pegar
carona no bonde da história, ao ser escalado para entrevistar Miguel Arraes de
Alencar, na sala de imprensa do Aeroporto de Congonhas? O setor era
brilhantemente coberto pelo grande amigo Amorim Filho, mas como o personagem só
chegaria às 10/11 horas, fui cobrir já que o “mano veio” ficava ali, falando
dos pássaros de prata no horário das 6 às 9 da manhã.
Dessa entrevista, não tenho muito mais o que dizer
não. Fiz as perguntas que estavam estritamente na pauta, sem desviar um centímetro
do tema e fiquei olhando para o homem que vira chegar nos braços do povo,
poucos anos antes, em 1979, no grande evento da chegada dos anistiados, no Recife,
no bairro de Santo Amaro.
Ali, foi só emoção. O cearense mais importante de
Pernambuco, um dos maiores brasileiros da história. Era o doutor Arraes. E ponto.
Pena que não tivesse “selfie” naquela época.
Miguel Arraes |
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